Muita opinião e pouca reportagem nos blogs jornalísticos

Esta é a conclusão de um estudo do Ramón Salaverría acerca dos blogs jornalísticos na Espanha.  “El estilo del blog periodístico: usos redaccionales en diez bitácoras españolas de información general” é o título da pesquisa que fora apresentada no I Congreso de la Asociación Española de Investigación de la Comunicación (AE-IC), que concluiu:

– o principal gênero jornalístico destes blogs é a interpretação e/ou opinião

– ao contrário do que se pensa: os blogs jornalísticos não substituiram o mainstream midiático

Hablando en plata: que los así llamados blogs periodísticos apenas aportan noticias propias sino, sobre todo, opiniones y que, lejos de ser una alternativa periodística de los medios tradicionales, están constituyéndose por el contrario en su caja de resonancia en internet, diz Salaverría.

Comentários sobre o Blogcamp-se

Desisti de escrever um post sobre o Blogcamp-se. Prefiro indicar o LiveStream do evento para que vocês possam ter uma leitura mais completa sobre os debates que ocorreram.

Teorizando um pouco, o LiveStream constitui uma escrita coletiva e colaborativa e, registrou, penso eu, diversos aspectos das discussões travadas no Blogcamp-se. Post nenhum conseguirá traduzir a amplitude e heterogeneidade do debate. Esta questão me faz pensar na capacidade dos media em contarem as histórias, tendo como narrador quase sempre apenas repórter, fotografo, ilustrador, editor. São poucos olhares (bastante viciados) para um gama de realidades em potência.

Meu olhar viciado captou também a fluidez conversacional durante o Blogcamp-se. Foi curioso observar como diversos diálogos ocorriam em paralelo, ramificava-se para o LiveStream, pautava o debate in loco, perguntas via twitters de outros lugares era discutidas pelos presentes fisicamente, continuaram durante o lanche, na mesa do bar, no music bar, mediado pelo twitter, celular, e-mails e agora vai continuar na praia. até.

Blogcamp em Sergipe

Tudo pronto. Hotel, passagem, algumas idéias em mente…Partimos na sexta  (eu, Tiago Celestino e o Gerson) para participar do Blogcamp-Se, que será realizado neste fim de semana em Aracaju.

Na sexta (25) haverá o encontro da turma no Restaurante e Casa de Forró Cariri, as 19h30. No sábado terão debates, desconferências e afins. O domingo será livre.

É claro que você poderá acompanhar tudo a distância, através do twitter, blog e quem sabe via streaming dos debates. Indico também acompanhar a cobertura via twitter do Tiago e do Gerson.

Inscrições aqui

Programação

Quem vai participar

Blogcamp-se

O Antonio Lima, do blog meu papagaio divulgou a programação do Blogcamp-se, que será realizado de 25 a 27 de julho (sexta-sábado-domingo), em Aracaju.

inscrições aqui

A capital de Sergipe fica a quatros horas daqui de Salvador e a passagem de buzú não chega a R$ 50. A estrada está conservada. Hotel podemos encontrar com o mesmo preço.  Haverão palestras e desconferências durante o evento e, e claro, a parte profana já está programada.

O Tiago Celestino vai, Belote também, Gerson está pensando. Mais alguém da Bahia ou de alguma parte do Brasil vai?

Veja quem já está inscrito:

Antonio Carlos Lima – http://www.meupapagaio.com – Aracaju/SE

Alexandre Sena – http://www.alexandresena.jor.br/blog – Brasília/DF

João M. – http://www.nababu.org – Rio de Janeiro/RJ

Jovas – http://www.recomendocomcerveja.com – Aracaju/SE

Cristiano Batista – http://www.gazetadenoticias.blog.emsergipe.com – Aracaju/SE

Abimael Moura – Aracaju/SE

Wille Lima – http://wille.wordpress.com – Aracaju/SE

Edenir Fernandes – http://www.futebolse.blogspot.com – Aracaju/SE

João Áquila – http://www.joaoaquila.com – Aracaju/SE

Aleh – http://www.fatosinuteis.com.br – Brasília/DF

Troile – http://www.uninuni.com – Aracaju/SE

Alessandro Carlos – http://www.sergipepop.blogspot.com – Aracaju/SE

Heliarly – http://www.doideirapura.com – Vitória/ES

Débora Andrade – http://www.povobunda.zip.net – Aracaju/SE

Domingos – http://www.saodomingosfm.blogspot.com – São Domingos/SE

Yuri Almeida – https://herdeirodocaos.wordpress.com – Salvador/BA

Bruno Guimarães – http://www.uninuni.com – Aracaju/SE

Saulo Álvares – http://www.transformacao.spaceblog.com.br – Aracaju/SE

Márcio Rocha – http://www.marciorosan.blogspot.com – Aracaju/SE

Fredson Navarro – http://www.fredsonnavarro.blog.emsergipe.com – Aracaju/SE

Rosivaldo Andrade – http://www.omundoempresarial.com – Aracaju/SE

Douglas Magalhães – http://www.caranguejonews.com – Aracaju/SE

Daniel Villas-Boas – http://www.esporte-se.blogspot.com – Aracaju/SE

Armando Junior – http://www.viversozinho.blogspot.com – Belo Horizonte/MG

Galileu Nogueira – http://www.influxo.org/prontofalei – Aracaju/SE

Márcio Alves – http://www.vivenciaespirita.blogspot.com – Aracaju/SE

Felipe Lima – http://onzeemcampo.meupapagaio.com – Aracaju/SE

Diógenes de Souza – http://blogladode.blogspot.com – Aracaju/SE

Guilherme Valadares – http://www.papodehomem.com.br – São Paulo/SP

Ricardo Marques – http://www.ricardomarques.com.br – Aracaju/SE

André Luz – http://www.contosdopeewee.blogspot.com – Vitória/ES

Lygia Prudente – http://www.lygiaprudente.blogspot.com – Aracaju/SE

Tiago Celestino – http://www.tcelestino.com.br/blog – Salvador/BA

Joelma – http://www.blogadois.blogspot.com – Aracaju/SE

Joe – http://www.missjgirl.blogspot.com – Aracaju/SE

Iuri Nunes –  http://www.blogadois.blogspot.com – Aracaju/SE

Cézar Ayran – http://www.plugmania.com.br – Aracaju/SE

Encontro de blogueiros baianos ou #NOS

Mesmo sob forte chuva na capital baiana, seis valentes cavaleiros cibernéticos galoparam com seus cavalos intergaláticos (na verdade eu e o Tiago fomos de buzú analógico) até o Salvador Shopping para o caloroso (na verdade foi mais divertido do que caloroso) debate sobre a blogosfera, cibercultura, redes sociais, IPhone e estratégias para potencializar a blogosfera baiana.

O último assunto é o primeiro obstáculo a ser derrotado para estabelecermos o reino digital na terra de todos os santos e encantos. Por isso, aproveitando o mega-ultra lançamento do filme do Batman “O cavaleiro das trevas”, no dia 18 de julho, iremos reunir os blogueiros baianos (vale também não blogueiros) para potencializar nossas ações por aqui e ampliar a nossa lista de discussões. O título do evento será #NODK ou Nerds on Dark Knight.

O local e o horário está em debate para reunir o maior número de pessoas. Deixe a sua proposta aqui ou lá no twitter.

– notas do encontro

#nos  – significa – nerds on shopping.

Senador Azeredo se a sua lei estivesse em vigor, certamente estaríamos todos presos por burlar os artigos artigo 285-A e 285-B.

apesar de seis nobres, valentes e bonitos cavaleiros (os adjetivos não passam de propaganda enganosa) não teve nenhuma princesa em perigo para entrarmos em ação, matar o dragão (não me perguntem de onde saiu esse dragão) e…moças participem dos encontros.

os emos irão dominar o mundo se essa moda não acabar logo

eureka! – emo dá relaxamento no cabelo

na foto (da esquerda para direita) Belote, Tiago Celestino, eu e o Alex Rodrigues. O Anselmo tirou a foto e não quiz aparecer porque é tímido (mentira não tinha tempororizador no celular, ou tinha e esqueceram de ativar?). O Eduardo Sales também esteve presente mais foi embora mais cedo.

Blogar é uma profissão, sim!

Há um tempo atrás o amigo Thalles Waichert levantou o debate: Blogar…uma profissão? A minha tese: sim, blogar é uma profissão, desde que o blogueiro se proponha a isso e utilize seu blog como ferramenta para geração de $$$.

Penso que profissão é toda atividade que envolve um conjunto de “saberes” realizada em determinado período e que resulte em renda para este que a desenvolve. Levantei outros aspectos que podem ser lidos aqui.

Lembrei dessa história toda após a “twitada” do Juliano Spyer sobre a vaga de trabalho ofertada pela KNOWTEC para blogueiro, o que ratifica a minha tese.

Leiam o que diz o texto:

Vagas abertas:

Blogueiros

Você vive a internet por dentro?

O seu texto mobiliza outras pessoas? Então queremos conhecer o seu trabalho. Conta pontos positivos você estar familiarizado com redes sociais (Orkut, MySpace, Facebook) e participar ativamente de sites como Flickr, Del.icio.us, YouTube e Twitter.

Para os coleguinhas de profissão, que tevem estar “tremendo de medo” com a notícia e, certamentente, pensando que os blogueiros vão tomar seus empregos recomendo um artigo que escrevi sobre quais ferramentas/conhecimentos devem ser incorporados ao habitus jornalístico para obter “sucesso” na web.

Eu x Nós: lições de Cuba

Ontem comentei algumas ações dos cubanos para “circular” informação na ilha e o papel da internet nesta questão. Hoje, lendo os feeds, a notícia que o blog  Generación Y, escrito por Yoani Sánchez, 32, graduada em linguística foi censurado em Cuba, não podendo assim, ser acessado a partir do país, fora assunto em diversos blogs e jornais.

Escreveu Sánchez em seu blog:

(…) quiere decir bloquearme el sitio, filtrar mi página, en fin, “pinchar”  el Blog para que mis compatriotas no puedan leerlo. Desde hace un par de días Generación Y es sólo un mensaje de error en la pantalla de muchas computadoras cubanas. Otro sitio bloqueado para los “monitoreados” internautas de la Isla.

O Generación Y registrou 1, 2 milhão de visitantes e versa sobre a sua vida em Cuba e descreve as dificuldades econômicas e restrições políticas que enfrenta.

Em tempo, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), ligada à ONU, Cuba apresenta a menor taxa de disseminação da internet na América Latina, pois apenas 0,9% dos 11,2 milhões de cubanos têm acesso à rede mundial. Raúl Castro aprovou a venda de computadores aos cubanos. Será que esses dados irão mudar? Segundo reportagem da Folha de São Paulo, Cuba tem atualmente cerca de 600 clubes de computação (com acesso à web), nos quais estudam cerca de 100 mil cubanos.

Este post me fez pensar: apesar da sociedade em rede, a internet potencializou o alargamento e revelação do “eu”. Fala-se mais do “eu” do que em “nós” na internet, justificável pelos valores individualistas e competitivos da sociedade capitalista.

E aí penso ser o grande desafio de governos socialistas: The new man não nasceu com a Revolução Cubana, porém um homem mais solidário, com valores colaborativos, talvez com sentimentos de pertencimento e reconhecimento de integrar uma sociedade floresceu. Em sistemas políticos, como o vigente em Cuba, o indivíduo, ou o “eu” é menor do que o “nós”, o coletivo, o Estado. Me parece que existe nesta relação internet (onde o valor máximo é liberdade de expressão) e Cuba um choque de concepções ideológicas sobre tais liberdades.

A democracia não garante a igualdade social, apenas liberdades políticas e de expressão. É uma troca que fazemos, o preço que pagamos para seremos “livres” é conviver com a miséria e desigualdades sociais. Já em Cuba, a liberdade de expressão é relativizada, uma vez que a dignidade humana é o valor mais importante. É uma questão filosófica/ideológica. Muito além de juízos de valor moral.

IG: o capitalismo midiático continua o mesmo

Após o estardalhaço da retirada do ar do site “Conversa Afiada”, de Paulo Henrique Amorim, uma lição aprende-se dessa história toda:

“A única responsabilidade social de uma empresa é aumentar seus benefícios” (Friedman)

Em tempo de jornalismo open source, web 2.0, mídia pós-massiva e receptor ativo, IG mostra que as lógicas empresarias pouco mudaram. O cliente tem sempre razão? Que nada. Dane-se o consumidor. Sim, porque no entender as empresas de comunicação a notícia é um mero produto e o leitor um simples consumidor.

<<Os leitores do IG protestaram. Leia aqui>>

Não me perguntem os motivos do IG ter retirado o site do ar sem nenhuma explicação. Assim, como não me perguntem os motivos do Paulo Henrique Amorin, com o capital simbólico que possui ficar atrelado a um portal como o IG. Já não passou da hora dos jornalistas deixarem de ser operários da comunicação e cuidarem de suas próprias vidas?

E aí, as faculdades desempenham um papel fundamental. Ouço muitas queixas de que a academia não está concatenada ao mercado e/ou demandas sociais. Mas são poucos os debates sobre como o recém-formado pode ganhar dinheiro, com blogs, por exemplo. As faculdades precisam estar atentas aos novos nichos de mercado e possibilidades empreendedoras.

No final, quem perdeu foi o IG, porque o Paulo Henrique Amorin já está de casa nova. Escreveu ele em seu site:

“Essa é a virtude a internet: último reduto do jornalismo independente.”

Pelo visto aprendeu a lição.

O eterno retorno colaborativo

Talvez a melhor quando você está a realizar uma pesquisa é revelar aspectos novos sobre a temática, estudar algum ponto que eleve determinada pesquisa ou, simplesmente, saber que as hipóteses levantadas estão certas.

Lá na pós-graduação pesquiso sobre a noticiabilidade no jornalismo open source, buscando identificar se existem novos elementos/posturas/critérios na definição do que é notícia pelos cidadãos-repórteres. Eis que me leio matéria do Estadão, artigo do Castilho e um post do Alberto Marques no GJOL que versam sobre o relatório O Estado da Mídia Jornalística (The State of the News Media), produzido pelo Projeto Excelência no Jornalismo.

Como a pesquisa é inglês irei demorar na tradução e, consequentemente, me aprofundar melhor nos dados. De qualquer forma, o Estadão já adiantou algumas das “descobertas” do relatório.  Diz a matéria:

Segundo o estudo, acreditava-se que a internet iria democratizar a informação, oferecendo novas vozes, histórias e perspectivas, mas a agenda de notícias continua limitada – os sites oferecem primordialmente as mesmas informações.

No post da semana passada escrevi:

O campo jornalístico fora alargado com a internet, não restam dúvidas. Porém, as rupturas foram poucas, ou seja a liberação do pólo emissor potencializou novas vozes, mas já os discursos…

Castilho polemiza sobre o crescimento na moderação dos comentários nos blog. Segundo ele, o acelerado aumento do número de comentários postados em weblogs indica uma mudança radical nos hábitos informativos da maioria dos internautas.

“Trata-se de um desafio inédito para os autores de blogs cuja experiência de relacionamento com o público, até agora, era basicamente unidirecional e vertical. Os problemas mostram que o novo protagonismo do leitor exige que os autores assumam também o papel de moderadores, ou seja, preocupem-se mais em garantir o espaço para o debate e menos em determinar o rumo da discussão”.

Os dados parecem interessantes. Fica a dica do estudo, material que poderá dar algumas luzes sobre colaboração, blogs, novas agendas…

O que os blogueiros acessam na web?

Pesquisa da comScore revela que blogueiros dos Estados Unidos acessam duas vezes mais conteúdo digital jornalístico (destaque para as notícias sobre política) e/ou entretenimento do que a média dos internautas norte-americano. O resultado é bem lógico, mas a novidade do estudo fora apresentar o que tais blogueiros lêem:

O site mais consumido – excluindo os blogs – é o Digg.com . Em seguida, estão o site de celebridades Perezhilton.com – 3,2 vezes mais usado pelos leitores frequentes de blogs – e CTVGlobeMedia, com 3,1 vezes mais acessos pelos usuários ativos de blogs.

Isso me fez pensar no conceito “circulação circular da informação” de Pierre Bourdieu, que em síntese, revela que para os jornalistas a leitura dos jornais é uma atividade indispensável e o clipping um instrumento de trabalho: para saber o que se vai dizer é preciso saber o que os outros disseram. Esse é um dos mecanismos pelos quais se gera a homogeneidade dos produtos propostos.

Acrescento a tese de Bourdieu, que o acompanhamento das “tags do momento”, tendo em vista atrair “para-quedistas” é uma preocupação diária de alguns blogueiros, principalmente aqueles que ganham $$$ com seus blogs. Por isso que o Digg figura no topo. Enquanto os jornalistas se preocupam em não perder notícias (por isso a clipagem e a leitura de outros jornais) os blogueiros não querem perder visitantes, por isso monitorar os hypes é essencial. O problema dessa circulação circular da informação, segundo Bourdieu produz uma “espécie de jogos de espelhos refletindo-se mutuamente produz um formidável efeito de barreira de fechamento mental”.

O campo jornalístico fora alargado com a internet, não restam dúvidas. Porém, as rupturas foram poucas, ou seja a liberação do pólo emissor potencializou novas vozes, mas já os discursos…