Monitoramento e vigilância no celular

A utilização de câmeras de vigilância para minimizar a violência está na pauta do dia. O debate eleitoral em Salvador tem como uma das principais discussões o uso destas câmeras no enfrentamento da insegurança.

Matéria do A Tarde (versão impressa) aborda a tecnologia (MobVision) que permite visualizar, através do celular e internet, as imagens captadas pelo circuito fechado de televisão (CFTV).

De acordo com a reportagem, o sistema funciona em todo o Brasil e em qualquer aparelho e operadora, desde que tenha acesso à internet por GPRS ou 3G e um console Java instalado.

O gráfico abaixo explica a funcionalidade do sistema:

mobvision

Os jornais baianos já descobriram o twitter?

O relógio marcava 17h45 quando uma amiga do trabalho me avisou sobre a manifestação organizada por moradores do Bairro da Paz. O marido dela, que passava pelo local, informou-lhe sobre o protesto, que depois descobri que fora motivado pela onda de violência que abateu-se sob a localidade.

Não perdi tempo e divulguei a informação via twitter, tendo em vista que a fonte era digna de confiança. Twittei às 17h46 e furei (ou seja, publiquei em primeira mão a notícia) a mídia baiana. Fiz o mapeamento da imprensa de Salvador e do interior do Estado e a primeira referência ao assunto fora realizado pela Rádio Sociedade AM, às 18h14. No A Tarde, o maior jornal da capital baiana, somente às 18h46 subiram a notícia.

O intervalo de tempo entre meu twitt e a publicação da Rádio Sociedade revela as falhas/ausência no aspecto dialógico/relacional dos media com os cidadãos. Escrevi um post onde argumento que o ciberjornalismo demanda uma mediação mais dialógica dos jornalistas com o seu público.

Penso que o twitter é uma ferramenta essencial para tal “conversa” com os leitores (principalmente pela quantidade qualidade dos alertas) e não apenas isso, o monitoramento dos twitt permite identificar em “tempo real”o que acontece na cidade. Por que os jornais não investem em um livestream das cidades onde fazem cobertura?

Twitter

Twitter

Tenho um questionamento ainda mais simples: os jornais baianos já descobriram o twitter?

Na volta para casa zapeava as rádios locais e todos os programas pediam aos seus leitores que ligassem para as redações e comentassem o que se passava. Muito interessante a experiência colaborativa que fora desenvolvida. Os ouvintes ligaram e comentavam o que dava para observar, uma moça estava mais próxima do protesto, disse que teve porrada, o que estava mais longe afirmava que esta tudo parrado. O mais impressionante é que os radialistas/jornalistas tinham como fonte apenas os seus ouvintes, não havia como deslocar a equipe de reportagem e, geralmente, as fontes oficiais não falam em momentos de crise.

Mas aí volta a minha inquietação: como os media se relacionam com as redes sociais/mídia colaborativa. Se monitorassem o twitter, por exemplo, teriam um belo material para complementarem sua cobertura, neste caso. Ainda é possível fazer jornalismo sem contar com a colaboração do público? Ou ao menos saber o que andam dizendo por aí?

Em paralelo a cobertura mode in colaborativa, os meus twitts sobre o protesto dos moradores do Bairro da Paz agendaram algumas reações no twitter:

Para o Leo Borges o twitt serviu para “facilitar” a sua mobilidade;
Belote lembrou do protesto passado e as três horas em que ele ficou parado;
Tiago Celestino avaliou os protestos
Gerson leu o twitt e se mandou para casa
Caio informou, via celular, para sua amiga os motivos do engarrafamento
Gabriela relatou sua aventura no engarrafamento

Jornais e jornalistas precisam aprender a se “relacionar” com as novas tecnologias de informação e comunicação e com o seu público, pois é deste conjunto que virão pautas, diálogos e quem sabe a própria manutenção da atividade jornalística.

Em tempo, o Pelosi me lembrou que a AGECOM já utiliza o twitter na divulgação de conteúdo.

*twitter – leia-se microblogs

Grande Firewall da China, Golden Shield e a (bobagem) blogagem inédita

Matéria do IDG Now explica como funciona o Grande Firewall da China, sistema usado pelo governo chinês para monitorar as atividades desenvolvidas pelos usuários chineses. É impossível se controlar/censurar a web, apesar da China ter conseguido vigiar e punir os rebeldes. Um novo software, um novo processo, a criatividade sempre irá surgir, como mostra a reportagem e burlar o controle. Entretanto, a intimidação dessa parafernália tecnológica causa um impacto na sociedade, que reconhece o limite da sua liberdade de expressão/pensamento.

Na China acontece algo brutal, uma soma da cultura do medo (Marcuse) + sistema de vigilância. Mas, a resistência no Tibet demonstra que esperança existe, mesmo com o Grande Firewall, principalmente porque a própria rede se mobiliza, encontra brechas, produz conteúdo, registra a tortura, potencializa o debate. A experiência colaborativa em curso no Tibet, sim, compõe uma (bobagem) blogagem inédita, ao contrário da brincadeirinha narcisista que alguns blogueiros fizeram ontem no Brasil.

Leia alguns trechos da matéria:

“A base está no “Golden Shield”, investimento de cerca de 700 milhões de dólares organizado entre diversos ministérios e agências reguladoras da China que emprega firewalls e gateways para filtrar conteúdo impróprio, bloquear serviços que descumpram leis ou apagar blogs (e levar seus responsáveis pela cadeia) que critiquem a atual administração.

“(…)a China monitora todo o tráfego trocado entre usuários dentro do país ou os estrangeiros que buscam dados em páginas locais”.

“O mais usado, junta problemas de DNS com a incapacidade de conexão, impede uma conexão entre o browser responsável pela requisição e o servidor do site, alegando que determinado IP (correspondente a um site bloqueado) não existe”.

“Há também a filtragem de palavras dentro do domínio, o que impede o acesso a sites cuja URL tenha termos considerados ofensivos, e a filtragem ativa de conteúdos – método mais efetivo usado pelo “Golden Shield”.”

Vigilância nos estádios de futebol

Está em tramitação na Câmara dos Deputados a proposta (PL 2494/07) que exige instalação de câmaras de vigilância nos estádios de futebol credenciados para realizar partidas oficiais. Segundo o deputado Eugênio Rabelo (PP-CE), autor do PL 2494/07 a “dificuldade para identificar os responsáveis, dificulta a punição dos responsáveis”.

De acordo com a proposta, as câmeras deverão filmar, de maneira simultânea, todos os locais do estádio onde haja concentração de público. Caso seja aprovada, os gestores dos estádios terão um ano para se adequarem à norma. O governo federal regulamentará o valor das multas para o descumprimento da lei em 90 dias. Esse valor, de acordo com o projeto, não poderá ser superior a R$ 50 mil.

Quantas pessoas são necessárias para formar uma concentração? O texto não deixa isso claro, mas, aí está mais uma lei resultante da máxima filosófica: “O constrangimento gera a virtude”. Outra dúvida: quem irá gerenciar o conteúdo gravado? Será criado um banco de dados com os infratores, flagrados por estas câmaras?

Encaminhei as dúvidas para o gabinete do Eugênio Rabelo. Se houver resposta compartilho aqui.

Leia o que diz a justificativa do PL 2494/07

(…) uma das principais dificuldades enfrentadas para que sejam coibidos é a identificação dos responsáveis pela
prática dos ilícitos. Para resolver esse problema e evitar punições injustas, alguns clubes de futebol vêm adotando a instalação de sistemas de câmeras de vídeo que permitem a identificação dos que praticam esses atos criminosos. A experiência tem demonstrado que a medida é eficaz na redução da violência nos
estádios de futebol.

Via Agência Câmara

Carnaval High Tech

A cidade de Salvador está dominada pelo carnaval. Mesmo morando a “trilhares” de km do centro da festa, a vida será afetada durante o período carnavalesco. Como parece ser impossível não falar do carnaval, cabe registrar como as novas tecnologias serão utilizadas pelo poder público no que tange a integração da comunicação (base de dados) e a vigilância que será realizada pela polícia como medida de segurança.

Primeiro. O governo investiu em rede Wi-Fi para facilitar a atividade da Polícia Militar. São 60 pontos de acesso disponíveis para que os militares acessem os bancos de dados (como antecedentes criminais e informações disponibilizadas pela Infoseg, rede nacional que integra dados de todas as polícias do Brasil) e os dados, em tempo real, sobre violência, acidentes no trânsito entre outros. Serão 400 computadores plugados na rede. Antes, o acesso a tais dados era efetuado por rádio, entre os policiais e o centro da PM, em uma estrutura centralizada e de fluxo único comunicacional.

E não é apenas o caráter descentralizado, possível com a rede Wi-Fi, que seduziu o poder estatal, mas também a economia, tendo em vista que muitos dos 60 pontos montados são retirados após o encerramento do carnaval, portanto o investimento em cabos para conexão é inviável.

Resta saber se a rede Wi-Fi continuará após a quarta-feira de cinzas, data que marca o encerramento da festa.

Se você está em Salvador ou ainda vai chegar para festa, veja os locais que contam com rede sem fio para conexão à internet. O mapeamento dos hotspots na capital baiana fora realizado pelo Grupo de Pesquisa em Cibercidade, da Faculdade de Comunicação da Ufba.

A segunda medida diz respeito ao monitoramento dos foliões, tendo em vista vigiar os crimes durante o carnaval. De acordo com a Agecom – Assessoria Geral de Comunicação Social do Governo do Estado da Bahia, os circuitos oficiais do Carnaval de Salvador (Dodô, Osmar e Batatinha) serão monitoradas em tempo real pelo Centro Integrado de Informações – Carnaval 2008 (CI/2008).

Foram instaladas 106 câmeras (as câmeras chegam a ter um alcance de 600 metros, com boa definição, informação da Secretaria de Segurança Pública) e criado um canal eletrônico que vai alimentar o CI/2008, que contará ainda com sistema de GPS e ações conjuntas da Polícia, Juizado de Menores, Prefeitura Municipal e Governo Estadual.

Os rádios de comunicação da PM foram equipados com o GPS para facilitar a mobilidade dos militares na caça aos criminosos.

<Assista o vídeo com mais informações>

Por fim, e a terceira inovação do atual governo, foi criar mecanismos de divulgação mais transparente das ocorrências policiais para imprensa, que poderão ser acessado pelo site www.carnaval2008.ssp.ba.gov.br ou pelo telefone (71) 3116-7825.

Em tempo, a TVE, tevê estatal, transmite ao vivo pela internet o carnaval de Salvador.

Texto originalmente publicado no O Pensador Selvagem.