“O grande desafio do marketing é como fazer com que as organizações estejam presentes no dia a dia do seu público”, diz Marcel Ayres

Desafios do marketing em redes sociais, geolocalização e as oportunidades para as marcas/empresas e como extrair informações relevantes das mídias sociais são alguns dos pontos abordados pelo Marcel Ayres, na entrevista realizada por e-mail, que integra a série “3 perguntas para”.

Por ter uma experiência prática e dedicar-se a pesquisa acadêmica, Marcel, que é sócio da agência PaperCliQ – Comunicação e Estratégia Digital, pesquisador no Grupo de Pesquisa em Interações, Tecnologias Digitais e Sociedade (Gits – UFBA) e co-criador dos Ebooks “Mídias Sociais: Perspectivas, Tendências e Reflexões” e “Mídias Sociais e Eleições 2010”, sinaliza aspectos importantes da comunicação em rede.

Confira a entrevista:

Yuri Almeida – O boca a boca é uma ferramenta mais eficiente do que uma típica propaganda veiculada em uma mídia. Dito isso, as estratégias de marketing não deveriam estar mais preocupadas ou focadas em promover um diálogo com os consumidores e/ou público-alvo e colocar a marca/empresa na conversa diária do que, simplesmente, anunciar seus serviços?

Marcel Ayeres – Sim! E isso será cada vez mais demandado pelos consumidores, principalmente no contexto em que estamos vivendo – marcado por ambientes de sociabilidade online, nos quais as pessoas estão interagindo, trocando experiências e estabelecendo relacionamentos. As organizações devem entender melhor o seu público também sob o aspecto humano, marcado por desejos, anseios, especificidades etc. Acredito que o grande desafio do marketing é como fazer com que as organizações estejam presentes no dia a dia de seu público de maneira significativa, oferecendo experiências que extrapolem o intuito de vendas e explore, além de uma utilidade prática, uma dimensão simbólica na vida dessas pessoas.

YA – Como a Netnografia e o Coolhunting podem auxiliar as empresas/marcas no planejamento de uma campanha ou atuação nas redes sociais?

MA – Tanto a Netnografia quanto o Coolhunting se baseiam em métodos de pesquisa para a observação e análise de comportamentos. Na Netnografia (termo que surge da contração entre Internet e Etnografia), o pesquisador entra em uma determinada comunidade ou grupo e passa a experienciar o dia a dia do seus atores, observando e avaliando seus comportamentos e características peculiares. Já o Coolhunting, é uma prática que surgiu da moda, mas que hoje é aplicado na observação e predição de possíveis tendências comportamentais em diferentes temas e/ou grupos sociais.

Desse modo, hoje com a gama de informações públicas presentes na web (principalmente nas mídias sociais), através de métodos de pesquisa e análise qualitativas como a Netnografia e o Coolhunting, é possível compreender melhor o público desejado, saber do que ele fala, do que gosta ou não gosta, como se comporta em ambientes online etc. Com base nessas informações, as empresas podem traçar estratégias mais precisas e segmentadas, sem “achismos”, mas, sim, baseando-se em informações concretas produzidas pela peça-chave de seu negócio: o consumidor.

YA – As ferramentas de geolocalização e a cultura de compartilhamento de informações, baseadas, sobretudo na mobilidade, é uma tendência. Quais as possibilidades e os desafios que estes processos trazem para empresas e marcas?

MA – Uma grande oportunidade para as organizações é a observação e análise do comportamento dos usuários em um determinado espaço e tempo. Ou seja, através de ferramentas como o Foursquare, Facebook Places, Gowalla, entre outras, é possível saber não só onde esse usuário está e o que ele gosta de fazer em sua cidade, mas, também, entender mais como foi a sua experiência nos locais visitados. Com essas informações em mãos, pode-se traçar, por exemplo, os principais pontos fortes e fracos de um determinado PDV, evento etc. Além da experiência localizada, outra grande oportunidade para empresas/marcas através da geolocalização é a possibilidade fomentar ações mobilizadoras, que extrapolam os ambientes online, integrando os esforços de comunicação.

Preparem-se! O Twitter vai publicar anúncios em sua timeline

Preparem-se pois o Twitter irá colocar anúncios publicitários em sua timeline. A medida será paradoxal: se por um lado irá atrair mais empresas e, consequentemente, aumentar o lucro do Twitter, por outro invadirá a privacidade dos usuários e, de certa forma, mudará o objetivo da ferramenta, uma vez na timeline irá aparecer não apenas o conteúdo previamente selecionado, mas também, propaganda.

Atualmente, o Twitter tem como estratégia oferecer tópicos patrocinados no Tends e a promoção de perfis, ambos figuravam na barra lateral da versão Web, sem invadir o espaço do conteúdo. A outra estratégia que também não afeta o uso da ferramenta são os anúncios que aparecem nas buscas.

Curiosamente, o aplicativo HootSuite já posta anúncios na timeline, que na maioria das vezes não tem relação com o perfil dos usuários. Não conheço ninguém que tenha clicado em uma propaganda dessas ou que a medida resultou em grandes resultados.

O Echofon e o Snaptu, em plataformas mobile, também exibem banners publicitários, menos mal, tendo em vista que não invadem a timeline alheia. O próprio Twitter, após pressão dos usuários, teve que retirar os anúncios de seu app para iPhone.

Dito isso, as medidas que o Twitter anunciou como estratégia para aumentar a receita da empresa já são experiências realizadas e, a maioria, sem sucesso.

Ciclos de Jornalismo irá debater jornalismo em dispositivos móveis

Nesta quarta-feira (29), das 8h30 às 12h, a terceira edição do Ciclos de Jornalismo terá como tema “Jornalismo em Dispositivos Móveis: celulares e tablets trazem nova vida ao jornalismo?”. O evento será realizado no auditório da Facom-UFBA e as inscrições são gratuitas.

A coordenadora de mídias digitais do jornal A Tarde, Iloma Sales, o diretor da Malagueta Interativa, Adelino Mont’Alverne e o especialista em design gráfico e mestrando sobre revistas digitais para dispositivos móveis, autor do blog Papel Digital v.3.0, Rodrigo Cunha, serão os palestrantes.

StoryMaps

A outside.in lançou uma ferramenta interessante para potencializar as experiências que envolvem hiperlocalismo e conteúdo, o StoryMaps. A “novidade” é indexar os textos a partir dos feeds dos blogs, tendo como base os locais/espaços citados nos posts. A novidade (sem aspas)  é que não será preciso adicionar manualmente os dados, basta o cadastro do feed no Geotoolkit.

O objetivo do StoryMaps é possibilitar o entendimento do que o “ocorre em torno de mim?” Até então, o funcionamento está restrito aos Estados Unidos. É possível adicionar uma mapa na home para sinalizar os comentários sobre um bairro, por exemplo. Veja estes exemplos New Columbia Heights, Gothamist, Flatbush Gardener.

Steven Johnson explica que a ferramenta potencializará o hiperlocalismo e a construção de sentido para os espaços urbanos, uma vez o projeto transcende a idéia de um guia de bares/restaurantes, sendo construído coletivamente num fluxo dinâmico-experimental. O interessante também é a memória que a ferramenta possibilita, já que o histórico de posts sobre determinado local fica armazenado.

Monitoramento e vigilância no celular

A utilização de câmeras de vigilância para minimizar a violência está na pauta do dia. O debate eleitoral em Salvador tem como uma das principais discussões o uso destas câmeras no enfrentamento da insegurança.

Matéria do A Tarde (versão impressa) aborda a tecnologia (MobVision) que permite visualizar, através do celular e internet, as imagens captadas pelo circuito fechado de televisão (CFTV).

De acordo com a reportagem, o sistema funciona em todo o Brasil e em qualquer aparelho e operadora, desde que tenha acesso à internet por GPRS ou 3G e um console Java instalado.

O gráfico abaixo explica a funcionalidade do sistema:

mobvision

Cresce o número de linhas móveis no Brasil

135.330.980. Este é o número de celulares no Brasil, sendo 80,99% linhas pré-pagas e 19,01% pós-pagas.

No mês de julho foram 2.162.434 novas habilitações, o que representa 62% de crescimento em relação ao mês anterior. Nos últimos 12 meses, o Brasil ganhou 26.811.316 novos assinantes, o que representa um crescimento de 24,71%. Os dados são da Anatel.

O Distrito Federal manteve o topo das cidades com maior número de aparelhos com 1,27 telefone para cada habitante, seguido do Rio de Janeiro (0,87) e do Mato Grosso do Sul (0,86).

A Bahia contabilizou 7.922.158, sendo deste total 84,67% linhas pré-pagas e 15,33% pós-pagas e é, atualmente, o maior mercado consumidor de telefonia móvel do Nordeste. Em segundo lugar está meu glorioso Pernambuco com 6.030.163 telefones.

Em relação ao mercado temos os seguintes dados:

Ranking das operadoras

Ranking das operadoras

Por tecnologia temos:

– GSM 85,336%
– CDMA 11,572%
– TDMA 2,112%
– WCDMA 0,573%
– CDMA 0,398%
– Analógica AMPS 0,008%

Os jornais baianos já descobriram o twitter?

O relógio marcava 17h45 quando uma amiga do trabalho me avisou sobre a manifestação organizada por moradores do Bairro da Paz. O marido dela, que passava pelo local, informou-lhe sobre o protesto, que depois descobri que fora motivado pela onda de violência que abateu-se sob a localidade.

Não perdi tempo e divulguei a informação via twitter, tendo em vista que a fonte era digna de confiança. Twittei às 17h46 e furei (ou seja, publiquei em primeira mão a notícia) a mídia baiana. Fiz o mapeamento da imprensa de Salvador e do interior do Estado e a primeira referência ao assunto fora realizado pela Rádio Sociedade AM, às 18h14. No A Tarde, o maior jornal da capital baiana, somente às 18h46 subiram a notícia.

O intervalo de tempo entre meu twitt e a publicação da Rádio Sociedade revela as falhas/ausência no aspecto dialógico/relacional dos media com os cidadãos. Escrevi um post onde argumento que o ciberjornalismo demanda uma mediação mais dialógica dos jornalistas com o seu público.

Penso que o twitter é uma ferramenta essencial para tal “conversa” com os leitores (principalmente pela quantidade qualidade dos alertas) e não apenas isso, o monitoramento dos twitt permite identificar em “tempo real”o que acontece na cidade. Por que os jornais não investem em um livestream das cidades onde fazem cobertura?

Twitter

Twitter

Tenho um questionamento ainda mais simples: os jornais baianos já descobriram o twitter?

Na volta para casa zapeava as rádios locais e todos os programas pediam aos seus leitores que ligassem para as redações e comentassem o que se passava. Muito interessante a experiência colaborativa que fora desenvolvida. Os ouvintes ligaram e comentavam o que dava para observar, uma moça estava mais próxima do protesto, disse que teve porrada, o que estava mais longe afirmava que esta tudo parrado. O mais impressionante é que os radialistas/jornalistas tinham como fonte apenas os seus ouvintes, não havia como deslocar a equipe de reportagem e, geralmente, as fontes oficiais não falam em momentos de crise.

Mas aí volta a minha inquietação: como os media se relacionam com as redes sociais/mídia colaborativa. Se monitorassem o twitter, por exemplo, teriam um belo material para complementarem sua cobertura, neste caso. Ainda é possível fazer jornalismo sem contar com a colaboração do público? Ou ao menos saber o que andam dizendo por aí?

Em paralelo a cobertura mode in colaborativa, os meus twitts sobre o protesto dos moradores do Bairro da Paz agendaram algumas reações no twitter:

Para o Leo Borges o twitt serviu para “facilitar” a sua mobilidade;
Belote lembrou do protesto passado e as três horas em que ele ficou parado;
Tiago Celestino avaliou os protestos
Gerson leu o twitt e se mandou para casa
Caio informou, via celular, para sua amiga os motivos do engarrafamento
Gabriela relatou sua aventura no engarrafamento

Jornais e jornalistas precisam aprender a se “relacionar” com as novas tecnologias de informação e comunicação e com o seu público, pois é deste conjunto que virão pautas, diálogos e quem sabe a própria manutenção da atividade jornalística.

Em tempo, o Pelosi me lembrou que a AGECOM já utiliza o twitter na divulgação de conteúdo.

*twitter – leia-se microblogs