The Falling Times: a queda das notícias

E se eu lhe disse que a imagem abaixo consiste na capa de um jornal. Sim, sem menu, chamadas, arquitetura e todos os aqueles elementos clássicos que fazem um jornal ser jornal.

A proposta do The Falling Times é diferente de tudo que já vi na internet e, em especial, no ciberjornalismo. A experiência é simples: as notícias caem (literalmente) na tela através de ícones. Ao passar o cursor nas imagens, surgem os títulos das reportagens (em inglês).

O melhor é que o The Falling Times é colaborativo. O site apresenta os ícones e oferece a possibilidade de classificá-los e a partir daí, as notícias são indexadas.

O que é o que A Tarde tem?

Tem me assustado o método que o A Tarde apresenta suas novas funcionalidades e produtos. A nova versão digital, prometida para o dia 5 de agosto e reprogramada para o dia 31 deste mês começa a aparecer em doses homeopáticas.

Primeiro fora o lançamento dos vídeos para o integrar o noticiário do jornal baiano. Em nota divulgada o veículo dizia “ampliar a oferta de conteúdo multimídia” com a simples disponibilização de vídeos em seu site. Estranho…

Agora foi a vez do A Tarde potencializar os seus blogs, a divulgação é claro. Teve até chamada na capa do impresso.  O conteúdo veiculado nestes blogs ainda está na fase transpositiva, a etapa primária do ciberjornalismo: as matérias publicadas no impresso vão para o site. Só falta falar que isso é cross-media. O pior é que anunciaram o “velho” como novo.

Estou a pensar…diante de anúncios de modernidade da imprensa baiana serão essas as “novidades” que o A Tarde irá implantar?

Site do A Tarde sairá ate o final de agosto

O novo site do A Tarde (conforme publiquei aqui) estava previsto para o dia 5 de agosto. Mas até agora nada. Ao que tudo indica o maior jornal do norte-nordeste terá sua nova versão lançada no dia 31 de agosto. Além da nova data, ouvi de uma editora do A Tarde que terá até produção em vídeo (já está em teste) e o site ficará bastante amplo, um portal ao pé da letra.

Agora resta saber se a redução enxuta (depois de uma tsunami de demissões) dará conta da alimentação diária do site e os conceitos sejam aplicados corretamente. Marquei a nova data no calendário.

Muita opinião e pouca reportagem nos blogs jornalísticos

Esta é a conclusão de um estudo do Ramón Salaverría acerca dos blogs jornalísticos na Espanha.  “El estilo del blog periodístico: usos redaccionales en diez bitácoras españolas de información general” é o título da pesquisa que fora apresentada no I Congreso de la Asociación Española de Investigación de la Comunicación (AE-IC), que concluiu:

– o principal gênero jornalístico destes blogs é a interpretação e/ou opinião

– ao contrário do que se pensa: os blogs jornalísticos não substituiram o mainstream midiático

Hablando en plata: que los así llamados blogs periodísticos apenas aportan noticias propias sino, sobre todo, opiniones y que, lejos de ser una alternativa periodística de los medios tradicionales, están constituyéndose por el contrario en su caja de resonancia en internet, diz Salaverría.

Artigos sobre jornalismo colaborativo

O Fábio Malini divulgou em seu blog o artigo que ele escreveu para o Intercom, intitulado de Modelos de Colaboração nos meios sociais da internet: uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo.

Já impri e dei uma folheada. Muito interessante.

Dê uma lida no resumo:

Esse artigo busca analisar sobre a paisagem midiática nas configurações atuais da internet, problematizando os modos de colaboração nas chamadas mídias sociais, a partir de uma reflexão teórica sobre o conceito de participação e colaboração na literatura acadêmica sobre cibercultura. E, em seguida, através da análise das formas de atuação colaborativa dos usuários na produção de notícias em portais de jornalismo participativo, desenvolvidos por grupos tradicionais e independentes de mídias, sempre tendo como perspectiva o exame dos conflitos e clivagens entre o jornalismo profissional e a produção amadora em mídias sociais.

Quem também escreveu sobre o jornalismo colaborativo foi o Jay Rosen, em seu blog. O artigo está em inglês.

Livro para download

Estudar a relação dos blogs e os media fora o objeto de José Manuel Noguera, em sua tese de doutorado. A pesquisa acadêmica (Blogs y medios. Las claves de una relación de interés mutuo) virou livro e está livre para download.

Via GJOL

Cadê o Q de qualidade da Rede Globo?

Depois da overdose de felicidade ao assistir o Sport ser campeão da Copa do Brasil em cima de um time do Sudeste, capital do mainstream midiático, fui acompanhar a reação da vitória na blogosfera do time da minha terra querida.

Encontrei um post do Blog do Bloc com uma excelente observação do escudo do time pernambucano, que fora veiculado errado pela Rede Globo (aquela do Q de qualidade). Certamente não é apenas um erro jornalístico, mas revela o favorecimento (para não dizer o despreparo/preconceito do jornalismo com os clubes do Nordeste) ao clubes do eixo Rio-São Paulo. A imparcialidade é mito, como já decretou o ilustre professor Sergio Mattos, mas, por maior que seja a torcida da Rede Globo pelo time do presidente, pelo menos poderiam ter o escudo correto, não?

Assistam ao vídeo e comparem com a imagem acima

Iphone 3G, agendamento e mutualismo midiático

Para quem gosta de compar a agenda do mainstream midiático e a agenda colaborativa (blog, wiki, jornalismo open source e afins) (abaixo gráfico que revela a ocorrência da temática na blogosfera) o lançamento do Iphone 3G durante o Worldwide Developers Conference 2008 é um bom exemplo para o conceito que venho trabalhando: o mutualismo.

Tomado de empréstimo das ciências biológicas, o conceito do mutualismo consiste na interação entre duas espécies que se beneficiam reciprocamente da relação. Existem duas modalidades de mutualismo: simbiose ou facultativo. A simbiose afirma que as duas espécies não podem viver separadas. Acho que tal modalidade não se aplica no convívio entre mídias. Já o facultativo parece-me explicar melhor essa relação, uma vez que protocooperação sinaliza que as duas espécies podem viver independentemente ou trocar de parceiro.

Em tempo, sobre o Iphone 3G li uma notícia interessante: A Sling Media está a finalizar o Sling Player sistema que permitirá assistir TV diretamente do aparelhinho da maçã. E o blog MacMagazine esteve no Worldwide Developers Conference 2008 para acompanhar o evento. Vale a pena dá uma olhada na aventura do Fischmann.

Domingos Meirelles e suas histórias sobre jornalismo brasileiro

Àqueles que esperavam uma palestra sobre mídia e violência sairam decepcionados com a apresentação do Domingos Meirelles, que esteve ontem no Hotel Fiesta a convite da FIB para falar sobre a temática. No lugar de uma palestra, Meirelles trouxe aspectos e histórias interessantes acerca do jornalismo brasileiro, numa conversa simples mas repleta de experiências pessoais e relatos épicos que sacudiram o Brasil. Plano Real, Coluna Prestes, Ditadura Militar, Rede Globo…e vários outros.

Para a maioria dos participantes (composto basicamente de estudantes) o evento foi um saco. Mas, para mim ouvir o Meirelles e seus 43 anos de profissão, fora um momento de refletir sobre o jornalismo, ou melhor ratificar algumas idéias que tenho a respeito da profissão/campo/atuação jornalística.

– a imparcialidade é um mito;

– o jornalista é co-autor da notícia, é ele quem seleciona o que será ou não publicado, a forma que irá contar o fato, construir a notícia;

– em alguns casos, a mídia serve melhor aos criminosos do que a sociedade (em referência as coberturas de crimes, assaltos…);

– as vezes o sangue (a quantidade de) é mais importante do que o próprio acontecimento;

– a audiência é o que norteia o jornalismo na televisão;

– na tv só tinha gente de olhos azuis, bonitas, verdadeiras modelos. Fui o primeiro jornalista (além de velho, como ele mesmo se intitulou) a apresentar um programa com barba;

– o jornalista precisa ter em mente que uma notícia poderá influência o comportamento social, a cultura, a política;

– escrever uma matéria é fácil, o difícil é publicá-la (a respeito de conteúdo produzido que foge a linha editorial do veículo).

São idéias pueris, básicas (como disse uma moça no elevador sobre o jornalismo, também com vasta experiência no mercado). Pórem, para a maioria dos participantes, Meirelles deu uma aula (na verdade uma desconstrução) do que é jornalismo e como fazê-lo. Desmitificou mitos, lendas e valores do campo jornalístico,  abertamente defendidos na acadêmia, abraçados pelos focas e impossíveis de serem colocados em prática cotidiana.

Simbolicamente, Meirelles, 43 anos de experiências de jornalismo, passagem pelos principais veículos do país, repórter especial da Rede Globo, subir ao púlpito e fazer declarações como essas revela a “agonia” por que passa o jornalismo e sua necessidade de se re(inventar).

Será que o povo entendeu? Sinceramente, sai com essa dúvida do evento…