Feira de Santana ganha 16 câmeras de vigilância

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Crédito da foto: Manu Dias/AGECOM

Para Aristóteles a virtude existia em potência, sendo necessário o exercício para o seu desenvolvimento. Desta forma, o hábito possui uma relevância fundamental na busca eudemônica.

A virtude figura como uma vertente da justiça, norteada e determinada pela lei, sendo um compromisso do cidadão com a Cidade. O caminho/meio de alcançar o bem supremo (felicidade) é o hábito.

O hábito por sua vez, de acordo com Platão, dá origem ao ethos, que significa o modo de vida, os costumes, logo mudar/transformar tal ethos é essencial para atingir o bem final.

Toda vez que leio alguma notícia de instalação de câmaras de vigilância como combate à violência lembro destas idéias acima. Entretanto, a busca pela virtude atualmente passa mais pelo constrangimento do que ética eudemônica.

Agora é a vez de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia adotar 16 câmeras eletrônicas, além de 13 viaturas modelos parati, Ranger e Clio para realizar a segurança pública no município. De acordo com AGECOM, as câmeras possuem o alcande de leitura de 300 metros e são capazes de aproximar as imagens em até 22 vezes.

Em um post recente, o professor André Lemos questionou os “benefícios da vigilância eletrônica.

(…) as experiências em várias cidades do mundo, inclusive Londres, a mais vigiada de todas, mostram que não há nenhuma evidência de que essas câmeras estejam ajudando a impedir crimes ou a localizar os criminosos. (…) as pervasivas câmeras de vigilância têm pouca efetividade (resolvendo alguns crimes aqui e ali), representando um enorme gasto para as coletividades e podendo servir para bisbiblhotar a vida alheia, criar vídeos “best videos”, ou espionar políticos e mais ainda, criar uma sensação de medo e paranóia”, argumenta Lemos.

Aristóteles sentenciou que não basta o mero saber técnico, o homem justo deve agir por força de splacaua vontade racional. Ao instalar-se pervasivas câmeras de vigilância o objetivo não é a tal vontade racional, mas sim, gerar constrangimento, um terrível sentimento de adaptação e respeito às regras por parte dos cidadãos, diria até que, o monitoramento, simbolicamente, representa a cultura do medo descrita por Marcuse.

No final, sorria você está sendo filmado, não passa de um: Não roube, estamos de olho!

Mapa do tráfico e milícias no Rio de Janeiro

Iniciativa do Gabeira mapeia das comunidades do Rio de Janeiro ocupadas pelo tráfico de drogas e por forças armadas que não pertencem ao estado. A base dos dados é fruto de reportagens jornalísticas e informações de moradores e está aberto a colaboração.

De acordo com mapeamento 71 comunidades já estão ocupadas pelo tráfico de drogas e 85 ocupadas por milícias.

Os jornais baianos já descobriram o twitter?

O relógio marcava 17h45 quando uma amiga do trabalho me avisou sobre a manifestação organizada por moradores do Bairro da Paz. O marido dela, que passava pelo local, informou-lhe sobre o protesto, que depois descobri que fora motivado pela onda de violência que abateu-se sob a localidade.

Não perdi tempo e divulguei a informação via twitter, tendo em vista que a fonte era digna de confiança. Twittei às 17h46 e furei (ou seja, publiquei em primeira mão a notícia) a mídia baiana. Fiz o mapeamento da imprensa de Salvador e do interior do Estado e a primeira referência ao assunto fora realizado pela Rádio Sociedade AM, às 18h14. No A Tarde, o maior jornal da capital baiana, somente às 18h46 subiram a notícia.

O intervalo de tempo entre meu twitt e a publicação da Rádio Sociedade revela as falhas/ausência no aspecto dialógico/relacional dos media com os cidadãos. Escrevi um post onde argumento que o ciberjornalismo demanda uma mediação mais dialógica dos jornalistas com o seu público.

Penso que o twitter é uma ferramenta essencial para tal “conversa” com os leitores (principalmente pela quantidade qualidade dos alertas) e não apenas isso, o monitoramento dos twitt permite identificar em “tempo real”o que acontece na cidade. Por que os jornais não investem em um livestream das cidades onde fazem cobertura?

Twitter

Twitter

Tenho um questionamento ainda mais simples: os jornais baianos já descobriram o twitter?

Na volta para casa zapeava as rádios locais e todos os programas pediam aos seus leitores que ligassem para as redações e comentassem o que se passava. Muito interessante a experiência colaborativa que fora desenvolvida. Os ouvintes ligaram e comentavam o que dava para observar, uma moça estava mais próxima do protesto, disse que teve porrada, o que estava mais longe afirmava que esta tudo parrado. O mais impressionante é que os radialistas/jornalistas tinham como fonte apenas os seus ouvintes, não havia como deslocar a equipe de reportagem e, geralmente, as fontes oficiais não falam em momentos de crise.

Mas aí volta a minha inquietação: como os media se relacionam com as redes sociais/mídia colaborativa. Se monitorassem o twitter, por exemplo, teriam um belo material para complementarem sua cobertura, neste caso. Ainda é possível fazer jornalismo sem contar com a colaboração do público? Ou ao menos saber o que andam dizendo por aí?

Em paralelo a cobertura mode in colaborativa, os meus twitts sobre o protesto dos moradores do Bairro da Paz agendaram algumas reações no twitter:

Para o Leo Borges o twitt serviu para “facilitar” a sua mobilidade;
Belote lembrou do protesto passado e as três horas em que ele ficou parado;
Tiago Celestino avaliou os protestos
Gerson leu o twitt e se mandou para casa
Caio informou, via celular, para sua amiga os motivos do engarrafamento
Gabriela relatou sua aventura no engarrafamento

Jornais e jornalistas precisam aprender a se “relacionar” com as novas tecnologias de informação e comunicação e com o seu público, pois é deste conjunto que virão pautas, diálogos e quem sabe a própria manutenção da atividade jornalística.

Em tempo, o Pelosi me lembrou que a AGECOM já utiliza o twitter na divulgação de conteúdo.

*twitter – leia-se microblogs

Vigilância nos estádios de futebol

Está em tramitação na Câmara dos Deputados a proposta (PL 2494/07) que exige instalação de câmaras de vigilância nos estádios de futebol credenciados para realizar partidas oficiais. Segundo o deputado Eugênio Rabelo (PP-CE), autor do PL 2494/07 a “dificuldade para identificar os responsáveis, dificulta a punição dos responsáveis”.

De acordo com a proposta, as câmeras deverão filmar, de maneira simultânea, todos os locais do estádio onde haja concentração de público. Caso seja aprovada, os gestores dos estádios terão um ano para se adequarem à norma. O governo federal regulamentará o valor das multas para o descumprimento da lei em 90 dias. Esse valor, de acordo com o projeto, não poderá ser superior a R$ 50 mil.

Quantas pessoas são necessárias para formar uma concentração? O texto não deixa isso claro, mas, aí está mais uma lei resultante da máxima filosófica: “O constrangimento gera a virtude”. Outra dúvida: quem irá gerenciar o conteúdo gravado? Será criado um banco de dados com os infratores, flagrados por estas câmaras?

Encaminhei as dúvidas para o gabinete do Eugênio Rabelo. Se houver resposta compartilho aqui.

Leia o que diz a justificativa do PL 2494/07

(…) uma das principais dificuldades enfrentadas para que sejam coibidos é a identificação dos responsáveis pela
prática dos ilícitos. Para resolver esse problema e evitar punições injustas, alguns clubes de futebol vêm adotando a instalação de sistemas de câmeras de vídeo que permitem a identificação dos que praticam esses atos criminosos. A experiência tem demonstrado que a medida é eficaz na redução da violência nos
estádios de futebol.

Via Agência Câmara

PEbodycount e o debate público

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Muito bom! Os coleguinhas de profissão e conterrâneos recebem hoje o prêmio Vladimir Herzog na categoria internet, resultado do blog Pebodycount, que apesar do nome, não limita-se apenas a contar o número de mortos em Pernambuco. O blog é uma espaço de debate sobre o que mais preocupa os moradores da minha terra: a violência.

Para evitar a banalização (contar quantas pessoas morrem só para constar é trabalho da polícia) os cabras vão atrás da história por trás de cada morte, discutem os dramas sociais,  um mix de jornalismo investigativo com  análise e textos para reflexão.

“Cada morte registrada no contador alimenta a cobrança e, especialmente, a busca por saídas coletivas”, diz o texto da apresentação.

O resultado não poderia ser outro: de acordo com o Technorati , o Pebodycount é segundo blog em audiência no Estado e uma pedra no caminho para as autoridades. Outro ponto bacana é a possibilidade da participação dos leitores, que podem denunciar, contar suas experiência e, o melhor, debater e encontrar saídas para a violência.

Prova de que blogs são excelentes espaços de sociabilidade.