“Jornalismo colaborativo deve estar associado a atuação em mídias sociais”, defende Ana Brambilla

Este post inicia uma série de entrevistas, intitulada 3 perguntas para, com pesquisadores, especialistas e profissionais que atuam/pensam a cibercultura, jornalismo, mídias sociais entre outros, para potencializar o debate sobre desafios e oportunidades acerca das temáticas.

A primeira entrevista da série foi realizada, por e-mail, com a Ana Brambilla, referência na pesquisa do jornalismo colaborativo e gestão em mídias sociais. Vamos ao que interess: 3 perguntas para…

Yuri Almeida – Após uma década de um jornalismo colaborativo, quais os avanços, erros e os desafios para os processos de produção de conteúdo colaborativo?

Ana Brambilla – Os avanços foram claros: iniciativas de jornalismo colaborativo se multiplicaram em players de mídia tradicional, especialmente aquelas com representação online. Existe, porém, um avanço não tão óbvio, que foi o amadurecimento da consciência colaborativa do público. Mérito dos veículos? Talvez.

Certamente, a facilidade da tecnologia sempre disponível para registro e envio de material também teve contribuição. Mas mais do que esses dois fatores há uma tomada de noção da realidade particular como de interesse jornalístico. Isso fez com que mais pessoas contribuíssem com veículos a partir de uma situação injusta que presenciassem nas ruas, em órgãos públicos ou em aeroportos. Na verdade, é uma recriação da imagem da mídia como quarto poder, que é acionada quando nada mais funciona para reparar uma situação complicada. A diferença é que ao invés de esperar que o veículo faça a matéria, o próprio público põe a boca no trombone.

A lógica “reality show” também contribuiu para essa tomada de consciência, para essa “vontade de me ver” na mídia e leva o público a compartilhar notícias mais leves, como festas de municípios, fatos inusitados da vizinhança, do campo, fotos de paisagens bonitas, viagens etc.

Como erro, o jornalista profissional não conseguiu incorporar o diálogo pleno, constante com o público no seu dia a dia. Houve progressos visíveis nas redações. Aceitar a interferência dos cidadãos repórteres, editar e publicar as notícias enviadas passou a ser tarefa de editores que jamais pensaram tampouco foram preparados a trabalhar com material do público leigo. Mas aprenderam a fazê-lo. Ocorre que isso ainda não é o suficiente. O jornalismo colaborativo de modo amplo ainda é carente de relacionamento.

Outro erro que percebo é que os veículos que apostaram no modelo mantiveram o conteúdo dos colaboradores literamente “num canto” do site, do exemplar, da programação. Esse material, que é tão jornalístico quanto o produzido pelos profissionais – afinal, foi editado por um jornalista -, ainda não se mistura ao conteúdo de agências, parceiros e da redação. Se tudo é conteúdo editorial, por que a distinção? Então que o conteúdo proveniente de cada tipo dos produtores que citei agora fosse distinguido espacialmente.

Os desafios são nítidos: reverter os erros. Mas vão além e incluem uma estratégia de jornalismo em mídias sociais 100% aliada ao jornalismo colaborativo. Em verdade, não é mais possível separar uma coisa da outra, desde que estejamos falando em jornalismo para mídias sociais de verdade – e não distribuição de links em perfis oficiais de veículos.

YA – O índice de aproveitamento da colaboração dos usuários, em sua grande maioria, ainda é baixo no Brasil. Este cenário deve-se ao perfil dos cidadãos ou a linha editorial dos jornais – que esperam quase sempre um furo de reportagem dos leitores?

AB – O índice de aproveitamento das colaborações é variável. No Terra, vi o VC Repórter aproveitar quase todo o conteúdo enviado pelos leitores – senão todo. Tudo depende de fatores que atuam em combinação, como: volume de colaborações enviadas diariamente, equipe para tratar essa informação, linha editorial do veículo (inclusive se é temático ou genérico) e disponibilidade do público em colaborar.

Não consigo creditar apenas a uma dessas variáveis o fato de alguns veículos ainda não aproveitarem o conteúdo produzido pelo usuário. Creio que aqueles publishers que ainda acreditam que o material produzido pelo público “é lixo ou nós já fizemos” – como certa vez ouvi numa redação – nem se arriscam a ter espaço de jornalismo cidadão em seus produtos.

O furo de reportagem é algo em declínio dentro do próprio jornalismo profissional. Ainda assim, alguns cidadãos conseguem material exclusivo e compartilham com o veículo com que mais se identificam e lhe dá abertura. Mas geralmente são fatos locais – um incêndio, um acidente, uma personalidade vista em situação inusitada – e o local ainda não é devidamente valorizado pelos grandes players.

YA – O rankeamento de notícias (Digg), os modelos baseados em sistema wiki’s ou a mineração de dados ganharam espaço na seara do jornalismo colaborativo. A tendência do jornalismo colaborativo é mudar o foco no indíviduo (blogs, Twitter, relatos testemunhais) para processos mais coletivos?

AB- Rankeamento, wikis e jornalismo de dados podem ser e são processos colaborativos. Ouço, inclusive, quem diga que rankeamento de notícias pode ser mais relevante do que as próprias notícias sendo produzidas pelo público. Discordo. Por uma razão: são processos diferentes, não podem ser comparados.

Todas as formas de trazer o público para dentro do produto jornalístico são válidas do ponto de vista da colaboração. Mas cada uma deve ser tratada dentro da sua pretensão. E isso não significa uma mudança de foco, mas a adesão de novos processos. Se deixar de ter ambientes de UGC porque as pessoas estão preferindo compartilhar do que produzir, aí quem sabe poderemos pensar em uma reconfiguração da colaboração no jornalismo. Ainda assim, a carga criativa da produção de conteúdo nunca será encontrada no rankeamento ou no compartilhamento, por isso acho difícil uma substituição simples.

 

 

 

 

A inspiração é essencial no processo criativo

Esta foi a conclusão dos debates realizados hoje no 13o Encontro de Web Design (EWD), que ocorreu em Salvador (Hotel Fiesta). A palestras versaram sobre a relação das novas tecnologias com a criatividade.

Ronaldo Gazel fez jus ao título de sua apresentação (Flashback!) e percorreu o passado destacando os pontos mais importantes de cada época do campo da arte/estética, principalmente as rupturas de cada período: como a fotografia que ampliou a representação da realidade, a imprensa de Gutemberg que potencializou o compartilhamento e divulgação do conhecimento ou, atualmente, a Wikipedia que promove a produção de conhecimentos coletiva no lugar de “centros”de produção dominantes.

Gazel mostrou como as configurações sócio-políticas-culturais foram (e são) fundamentais na roupagem que a arte adquire em cada momento histórico. Para ele, os processos criativos trazem em seu “DNA” traços do passado, por isso entendê-lo é fundamental para compreender o presente. A palavra-chave na sociedade em rede é a colaboração, portanto, entender tal processo é essencial para a criação/produção.

Na sequência, Ricardo Accioly apresentou o Joomla!, CMS open source que mais crescem no mundo e com um bom potencial para desenvolvedores. Dicas, funcionalidades de um mini FAQ`s foram apresentados em vídeo.

A palestra do Leonardo Villanova (Marketing Digital2.0) destacou a importância de criar campanhas de propaganda integradas, tanto on-line e off-line como aproveitar a colaboração do público e explorar as redes sociais para a promoção dos produtos/peças/campanhas.

Segundo Villanova, a propaganda nas sociedades contemporâneas busca agora a atenção da recepção e não só a audiência (quantitativa). Este seria o atual desafio para os profissionais da comunicação, isso porque há uma mudança no perfil do público (exige maior interação), assim como o seu relacionamento com os produtos.

“Não vale mais contabilizar milhões de receptores. Precisamos analisar o tempo destinado à determinada atividade”, apontou.

Ainda sobre atuais desafios comunicacionais na internet, Chico Baldini abordou em sua palestra que apesar da globalização de mercados/cultura é preciso atentar para segmentação do mercado para produzir comunicação interativa, um vez que os nichos são cada vez mais específicos. A base para palestra do Baldini foi a Cauda Longa do Chris Anderson.

Por fim, Raphael Vasconcellos apresentou alguns cases de sucesso e trouxe a sua experiência profissional, o que foi bastante proveitoso. Pensei que apenas os jornalistas/jornais preocupavam-se em “criar tempo”, ou seja aumentar o tempo da navegação em suas páginas, seja com novas narrativas, maior interação, personalização do conteúdo, multimidialidade, entre outros, mas “criar tempo”, como destacou Vasconcellos deve ser a preocupação da criação na internet.

Vasconcellos comentou que gastamos muito tempo na internet, logo, desenvolver campanhas que atraiam a atenção do público e “gerem” um “gastar tempo” interessante para audiência é a melhor alternativa para promover uma marca/produto.

Sem dúvida, tod@s saíram com uma lição: Experimentar sempre. Autencidade é essencial. Não é fácil de se entender o consumidor, ele não é óbvio, não há muita certeza em advinhar o seu perfil. Prova disso é o (tosco) vídeo abaixo (um dentre os vários apresentados pelo Raphael) que virou hit na web.

O Consumo da Informação e as Novas Tecnologias,

foi o tema do Seminário realizado pelo Centro de Excelência da Informação (CEI), do Grupo A TARDE em parceria com as Faculdades Jorge Amado (FJA). O Seminário contou com a presença dos professores Alex Primo (UFRGS), Antonio Cabral (FGV) e Marcos Palacios (Facom-UFBA).

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Da esquerda para direita, Primo, Cabral e Palacios

Dessa vez pude chegar mais cedo, ficar até o final e o melhor: conversar pessoalmente com os pensadores acima. E esse conversar foi interessante, considerando que o blog do GJOL e do Alex Primo são minhas leituras diárias, essenciais para a compreensão da cibercultura, jornalismo digital, blogs e afins.

Então, pude encontrá-los ali, bater um papo e tal. Esse encontro pode servir como metáfora para o que Alex Primo chama de “conversas fluidas” na blogosfera, que podem acontecer:

– intra-blog (comentários);

– inter-blog (link para outros blogs ou post como resposta/referência a uma publicação anterior);

– extra-blog (o exemplo citado)

A conversa teve um enfoque maior na palestra de Primo, intitulada “Blogs, redes sociais, memes, marketing viral e credibilidade”.

* Credibilidade dos blogs/blogosfera

Retomou a campanha kamikase do Estadão contra a blogosfera, pontuando o equívoco conceitual do jornal ao comparar macacos com blogueiros. A reação da blogosfera também foi evidenciada, bem como o seu resultado: um evento organizado pelo Estadão com a presença de blogueiros e pesquisadores para minimizar/esclarecer a campanha.

O que achei mais interessante dessa parte foi ao Primo dizer que precisamos abandonar o “óculos da modernidade” para analisar dinâmicas pós-modernas. E como isso se manifesta nos blogs?

*O que são blogs?

Aos “óculos da modernidade” blogs são:

– sistema facilitado de publicação;

– diário íntimo;

– jornalismo.

A proposta dele é que existem três sentidos para os blogs:

1- Blog como programa – WordPress, LiveJournal, Blogspot..

2- Blog como espaço – Achei o seu blog no google. Publiquei no meu blog.

3- Blog como texto – esse post, por exemplo.

Esses sentidos não são estanques. O blog enquanto programa não tem apenas a finalidade de publicar texto, pode ser usado para ganhar $$$, para as empresas manterem o diálogo com seus clientes. O blog como espaço potencializa as relações sociais e as conversações que acontecem:

– conversa com os outros e com o self;

– você escreve enquanto pensa (acho que falarei das memes e marketing viral a seguir)

Primo falou de algumas memes e alguns casos de marketing viral. Porém, problematizou essas práticas/dinâmicas.

“a comunicação humana não tem características apenas de transmitir informação, o sujeito adapta, acrescenta, reconfigura e passa para frente um novo produto/fala”, disse Alex Primo em sua crítica de que a transmissão viral é um processo aditivo.

<<Você precisará ler esse post aqui para entender>>

Antonio Cabral (especialista em direito autoral)

Fora uma apresentação recheada de dados e reflexões. Não teve um foco específico, como ele mesmo disse a sua palestra seria “ampla sem focar em determinado aspecto”, portanto compartilho alguns deles:

– a indústria cultural não adaptou-se as necessidades dos usuários, principalmente no que tange o acesso ao conhecimento (potencializado pela internet) que a indústria continua na tentativa de restringir o acesso livre ou sob outra lógica de consumo à música, livro, vídeos….quando não, pune os “infratores” das leis obsoletas.

– Cabral sustentou que a sociedade não enxerga como um “crime” fazer um download na internet de uma música ou do filme Tropa de Elite.

– Apresentou alguns dados interessantes como:

> 85% dos fonogramas pertencem à Sony/BMG

> Ivete Sangalo ganha apenas 8% do valor da venda dos seus cd’s/dvd’s, isso porque é uma artista de “peso”. Em contraponto a esse modelo de negócio, Cabral destacou o tecnobrega do Pará (Calypso), onde os próprios artistas produzem o seu material e entrega ao mercado informal “camelô”, que funcionam como divulgadores do trabalho (já economizam o jabá nas rádios) para que eles (os artistas) possam ganhar dinheiro com show.

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E haja papel e caneta para anotar os dados

> 150 milhões de obras já foram registradas com o Creative Commons. Uma boa alternativa jurídica, segundo ele para facilitar o acesso ao conhecimento.

> No Rio de Janeiro, 97% das salas de exibição de filmes pertencem a “rolyudi”.

> O direito controla a realidade, porém esse controle é materializado nas leis. O problema é que para elaborar uma lei é preciso

1. De um fato;

2. O valor (positivo ou negativo) que a sociedade irá atribuir a esse fato;

3. Cria-se uma norma.

Logo, o Direito estará sempre atrasado no que tange as necessidades sociais.

> Na Alemanha, após 2 anos sem a edição de um livro, ele pode ser copiado integralmente.

> O marco regulatório da tevê digital subtraiu as potencialidades da interação. O DRM, por exemplo impedirá que o usuário faça cópias da programação (você poderá gravar no aparelho, mas não poderá transpor para outro suporte, como gravar em um DVD). Para Cabral é um retrocesso, além disso os empresários da comunicação, com ajuda do Ministro das Comunicações, Hélio Costa, conseguiram aumentar o tamanho da”banda” o que resultará em menos novos canais.

Marcos Palacios

Respondeu ao questionamento: o que está acontecendo com o jornalismo diante das novas tecnologias? Ou qual é o lugar dos jornalistas?

Palacios explicou que a liberação do pólo emissor gerou uma plurivocalidade, que pode ser conceituada como “efeito conversacional”. Os limites entre ser emissor e receptor é bastante frágil, agora o sujeito pode ser emissor e receptor simultaneamente.

A esfera pública é ampliada, uma vez que surgem novas vozes e nos espaços para o debate. Palacios acredita que este fenômeno cria novas oportunidades para o jornalista se “encaixar” no mercado.

O desafio para os profissionais de comunicação seria o de:

“selecionar e organizar as informações no que tange a sua hierarquia e o contexto”

Palacios argumenta que existe um excesso de informação e que o jornalista, devido a sua formação e o seu papel histórico precisa repensar os seus habitus e práticas. Não haverá futuro para profissional que entenda e goste de apenas um suporte (impresso, rádio, tevê). É preciso ser jornalista e produzir conteúdo para diversas mídias, simultaneamente.

“o jornalista é um agente social e cria uma forma específica de informação organizada e portanto, uma forma de conhecimento”.

Ironizando os publicitários, administradores, gestores que criam as fórmulas dos 4 elementos para explicar determinado aspecto, Palacios propõe que o jornalismo precisa ser calcado nos 4Cs:

1. Convergência

– reorganização do modelo de negócio;

– reorganização da rotina de trabalho;

– redefinição das competências profissionais

– diluição das fronteiras profissionais.

2. Contexto

– elaborar produtos específicos para determinada mídia e público.

– além de claro, contextualizar o fato…

3. Comunidade

– evoluir de uma comunidade de leitores (passivos) para uma comunidade de co-autores/ comunidade conversacional.

4. Co-envolvimento

– como exemplo o beatblogging.org que discute a pauta com a comunidade seja por proximidade geográfica/conhecimento que pode sugerir ângulos, fontes, desdobramentos sobre a pauta proposta.

Arquitetura da web

 

Excelente reportagem do El País traça um panorama de desafios e tendências no que tange a arquitetura da web. Multimidialidade, customização e interatividade são palavras-chaves para o êxito dos site.

O principal desafio é evoluir de “páginas para ler” para “páginas de atuar”.

Alguns trechos:

 

“Si antes se accedía sólo desde el ordenador de sobremesa, ahora se entra en Internet por un teléfono, agenda, televisor o frigorífico; con banda ancha o estrecha, para comprar o para ver un vídeo. El trabajo para estandarizar tantas variables es, por tanto, casi infinito”.

 

“Diseñar en la Web es ayudar a las personas a conseguir sus necesidades”. Es el primer mandamiento de Jeffrey Veen, director de Experiencia del Usuario de Google. “¿Pero cómo diseñar con tantas perspectivas diferentes? Primero, accesibilidad; luego, diseño extensible; tercero darle el control al usuario, que aplique las cosas a su manera”.

 

 

Entrevista com Edney Souza, the new Murdoch

O debate sobre o amadurecimento ou apodrecimento da blogosfera ganha a participação de um ícone entre os blogueiros, Edney Souza, o Interney, ou segundo a tese deste que vos escreve as 6h07 da manhã, após a segunda noite com insônia, o cabra é novo Rupert Murdoch.

Além de fazer uma entrevista consigo mesmo, segundo ele para não precisar repetir sempre as mesmas coisas para os jornalistas, Edney largou o emprego de gerente de sistema e passou a ganhar a vida com o seu site e acaba de fechar com mais 21 blogueiros que compõe o Interney Blogs) uma parceria com o portal IG.

<<A odisséia dele pode ser lida aqui, que dizer lá no site dele através deste link>>

Bom, a valeriana começou a fazer efeito e finalmente irei dormir. Enquanto isso, abaixo o diálogo, na íntegra e sem edição, que mantive por e-mail com Murdoch, digo Edney Souza.

Yuri Almeida – O TechCrunch deve ser comprado pela CNet por mais de 100 milhões de dólares. O Interney fechou uma parceria com o IG. Isso é apenas uma moda ou você acredita que esta será a tendência da blogosfera?

Edney – Fechar parceria é muito diferente de compra, de qualquer maneira recebi também propostas da Globo.com, não rolou e agora ela aparece com o Bloglog, o IG fechou parceria não só comigo, mas também está em negociações avançadas com outros blogueiros, o UOL está no jogo mas ainda não mostrou cartas. Não creio que é moda, é uma adaptação do negócio as mudanças de mercado, mas ainda são poucas iniciativas para definir como tendência e eu acredito que blog são muito mais do que negócios/business, a esmagadora maioria continuará independente e amadora pois essa é a grande beleza da blogosfera, o caos e a descentralização.

Y.A – Você citou no comentário aqui no blog, que em 60 dias teve contato com 4 empresas de comunicação diferentes. Como as empresas enxergam os blogs? Parceiros ou Concorrentes?

Edney – Muitas já lançaram seus blogs faz tempo e nada deu certo, outras ainda vão lançar, alguns apenas querem ouvir opinião de quem é mais experiente e outros estão jogaram a toalha e estão dispostos a refazer dessa vez do jeito certo, não há um nivelamento entre eles, mas o caminho tende a ser de parceria.

Y.A – Quem lhe tornou uma referência em blogs? A mídia ou a própria blogosfera?

Edney – A blogosfera indicou meu blog para a mídia então foram eles que me fizeram referência, pelo menos é assim que vejo/sinto.

Y.A – Evidente que blogs não podem ser comparados à jornais. Mas, um bom jornal é aquele que tem bons textos, notícias exclusivas…Essa não é a receita do sucesso do InterNey Blogs. Quais são os fatores que impulsionaram o crescimento do projeto? E como é a sua estrutura?

Edney – O Interney Blogs possui bons textos e artigos exclusivos se você não enxerga isso então eu não vou te conseguir convencer que o projeto é um sucesso.

Y.A – As empresas de comunicação potencializaram muito a idéia de abrir espaço/páginas para que o leitor também publique os seus conteúdos, o tal do jornalismo participativo. Porém, este modelo de negócio parece que não vai decolar no Brasil. Posso estar enganado, mas o InterNey Blogs assemelha-se a uma cooperativa de blogueiros. Ou não? Mas, a pergunta é: acreditas que as empresa de comunicação irão apostar em modelos de negócios como o seu, que funcionam como prestadores de serviços para a mídia, ou irão incentivar a participação de suas audiências?

Edney – Acredito que irão incentivar negócios como o meu, e negócios de blogueiros em carreira solo que tem um bom material, visto que a colaboração falhou na maioria dos portais, o único que vem fazendo bom proveito disso é o IG com o canal Minha Notícia pois lá o blogueiro pode deixar o link para o seu blog.

Y.A – Como é a sua rotina de trabalho?

Edney – Acordo cedo, checo os ganhos, pago as contas, respondo e-mails, faço ligações, faço ajustes técnicos no site, saio para reuniões, devido a migração para o IG e o lançamento de novos blogs em breve os últimos 2 tópicos estão tomando tempo demais e sobra pouco tempo para escrever. Mas numa rotina normal os ajustes e reuniões não tomam tanto tempo e sobra o tempo para escrever. Entre e-mails e ligações estão parceiros de trabalho, gente propondo negócios, solicitações de entrevistas, contatos publicitários, leitores, entre outros.

Y.A – Hoje você escreve um post com o intuito de compartilhar conhecimentos ou objetiva os lucros? Ou dos dois? Ou existe alguma motivação não citada?

Edney – Compartilhar conhecimentos, você verá que dificilmente eu falo de hypes.

Y.A – Por fim, vamos as clássicas, mas essenciais perguntas:qual a sua avaliação da blogosfera e os próximos desafios e/ou oportunidades para os blogueiros?

Edney – A blogosfera tende a se diversificar, todos os nerds já estão conectados, mas os médicos, advogados, contadores e outros profissionais liberais ainda estão se adaptando à rede, a chegada de novos perfis de usuários e novos perfis de blogueiros irá mudar o cenário de conteúdo da blogosfera. O crescimento do alcance da internet deve gerar novas oportunidades de negócio, e a fragmentação deve criar novas maneiras de distribuir publicidade e organizar conhecimento.