Monitoramento e vigilância no celular

A utilização de câmeras de vigilância para minimizar a violência está na pauta do dia. O debate eleitoral em Salvador tem como uma das principais discussões o uso destas câmeras no enfrentamento da insegurança.

Matéria do A Tarde (versão impressa) aborda a tecnologia (MobVision) que permite visualizar, através do celular e internet, as imagens captadas pelo circuito fechado de televisão (CFTV).

De acordo com a reportagem, o sistema funciona em todo o Brasil e em qualquer aparelho e operadora, desde que tenha acesso à internet por GPRS ou 3G e um console Java instalado.

O gráfico abaixo explica a funcionalidade do sistema:

mobvision

Tv digital em Salvador, previsão é para dezembro

Como já havia noticiado, a canalização da TV digital em Salvador fora concluída pelo governo federal. De acordo com ministro das Comunicações, Hélio Costa basta que as empresas encaminhem o pedido de autorização para que a Tv digital entre no “ar” na Bahia (a priori Região Metropolitana de Salvador). Vamos esperar que sim.

Segundo o Correio, a TV Bahia (afiliada da Rede Globo) já instalou (sábado, 6) a antena que vai transmitir o sinal da TV digital. O cabo e o transmissor ainda serão instalados.

A previsão é de que em outubro, após a liberação da Anatel e do Ministério das Comunicações, comecem as transmissões em caráter experimental. A transmissão do sinal de televisão digital pode começar em dezembro deste ano.

Red Hat fecha cooperação com Estado da Bahia

Depois do (bom) anúncio de que a TV digital estará em funcionamento na capital baiana até o final deste ano, a Red Hat assinou um protocolo de intenções com o governo do Estado da Bahia para a cooperação mútua e intercâmbio técnico-científico na implantação de programas, projetos e atividades baseados na plataforma open source.

Sistema irá monitorar ônibus em SP via internet

Lendo a FSP descubro que a Prefeitura Municipal de São Paulo irá inaugurar hoje o “Olho Vivo”, sistema que irá monitorar o sistema de transporte na cidade. Painéis eletrônicos informarão o tempo que falta para o ônibus chegar nos terminais, além de fornecer dados como tempo, velocidade média, localização e quantidade de ônibus nos nove corredores exclusivos, no expresso Tiradentes e em 19 dos 27 terminais estarão na internet, por um sistema de monitoramento via GPS. As informações também podem ser obtidas pelo 156.

Segundo a reportagem, o sistema irá permitir o envio de mensagens instantâneas aos motoristas o que pode ajudar a evitar problemas como os engarrafamentos no corredor da estrada do M’Boi Mirim. A idéia é utilizar a tecnologia para auxiliar na organização do trânsito bem como oferecer dados para o planejamento da cidade.

Imprensa – De acordo com a Assessoria de Imprensa da prefeitura de SP, a tecnologia estará à disposição da imprensa. A partir do dia 12, a SPTrans enviará técnicos às redações para instalar a ferramenta e orientar sobre a sua utilização. Além do mapa de fluidez, os jornalistas terão acesso às condições de transporte em 19 dos 27 terminais municipais, três terminais intermunicipais (Jabaquara, Vila Iara e São Mateus), 10 corredores exclusivos (112 quilômetros) e principais vias de circulação de ônibus (135 quilômetros). A imprensa poderá acompanhar trajetos, rotas de ônibus e microônibus, tempos de percurso, velocidades e números de veículos disponíveis nas linhas em operação.

Didática, metodologia e tecnologia

Li uma matéria no Ibahia, no mínimo “escrota”. Não a matéria, mas o assunto que ela abordou: o sistema criado pela Smart Technologies que permitirá aos professores monitorar os laptops dos seus alunos durante a aula, desse modo a navegação passa a ser vigiada sobre o pretexto de garantir que o estudante acompanhe a aula. A ferramenta fora apresentada na Feira Interdidática, realizada no último final de semana em São Paulo e discutiu tecnologia e educação.

De acordo com a matéria, mesmo que a turma seja grande, não há problemas para ficar de olho nos alunos. Caso alguém dê uma espiadinha no orkut, por exemplo, o professor pode mandar uma mensagem imediatamente. Aí o recado aparece na tela do estudante para que ele preste atenção. Um erro metodológico, não?

Lembro de uma fala do Nelson Pretto, durante o Ciclo Internacional de Debates sobre Cibercultura no século XXI, onde argumentava que apenas instalar novas tecnologias nas escolas não é suficiente, é preciso mudar a metodologia do processo educativo.

“As novas tecnologias provocam rupturas na linguagens, um novo modo de pensar, de ser, um raciocínio estético e uma nova relação com o tempo e a distância, o que gera um jeito alt+tab de ser (capacidade de manusear e/ou interagir com vários dispositivos e pessoas ao mesmo tempo)”, defendeu Pretto.

Esse jeito alt+tab provoca também uma descentralização do aprendizado. Conectados à rede, os alunos podem acrescentar dados e informações relevantes para sala de aula, contribuir no debate, dessa forma o professor não é o “senhor” do conhecimento e da verdade. Penso que este é o grande desafio para os docentes, compartilhar o seu campo social com os estudantes, passarem de detentores exclusivos do saber a mediadores do aprendizado, agregando o valor e conhecimento do aluno, potencializando assim, o nível intelectual da “turma”.

Hiperlocalidade é potencializada no Google Maps

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Comentei em post recente sobre o sistema de alerta do Google Maps, que apresenta as últimas edições/criações realizadas pelos usuários no mapa da Google. A mesma tecnologia fora utilizada hoje, durante a Super Terça (prévias das eleições norte-americanas).

A novidade: cada publicação no Twitter pipocava no Google Maps. Dessa forma, foi possível acompanhar as reações da sociedade em cada ponto dos E.U.A sobre a Super Terça, potencializando a produção hiperlocal.

<<Confira>>

 

Via Official Google Blog

 

O uso da internet na eleição dos E.U.A

E continuam as experiências tecnológicas durante a eleição norte-americana. A primeira vem da ala democrata, que pela primeira vez permitiu que os seus membros, em outros países, votem durante as prévias eleitorais. O sistema é simples: o eleitor faz o login no site dos democratas, ocorre uma verificação dos cadastrados na lista de aptos a votação, daí é gerado um código de segurança para que a escolha seja efetuada. Segundo a empresa Everyone Counts (companhia californiana com experiência em vários pleitos na Inglaterra), o sistema impede a repetição dos votos.

O Partido Republicano não permite a votação pela internet.

A segunda boa experiência realiza-se no You Tube. Artistas declaram apoio aos candidatos em vídeos publicados no site. Will.i.am, um dos integrantes do Black Eyed Peãs juntou-se à atriz Scarlett Johansson, ao cantor John Legend e a cantora Nicole Scherzinger, do grupo The Pussycat Dolls no apoio à Barack Obama.

Assista ao vídeo de apoio ao Obama protagonizado pelo vocalista do Black Eyed Peãs

Destaque para o Obama que vem utilizando a internet como elemento essencial em sua campanha, sem falar no efeito simbólico, uma vez que Obama pretende criar uma imagem “renovadora” (nada melhor que a internet, não?), diferente da roupagem “velha guarda” da sua concorrente democrata, Hillary Clinton.

Em tempo, 25% dos norte-americanos recorrem à internet para manterem-se informados sobre as eleições. A televisão ainda lidera o ranking. Os dados são do instituto independente Pew Research Center.

* Para entender a eleição ianque fica a sugestão do infográfico elaborado pelo IG.

 

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Entrevista com Juliano Spyer

“Conectado, o que a internet fez com você e o que você pode fazer com ela” é resultado de dez anos de experiência em projetos de comunidades online e ações colaborativas nos Estados Unidos, América Latina e Espanha. O autor da obra, Juliano Spyer, historiador e palestrante para o curso de mídias digitais da PUC-SP e do Departamento de Publicidade da ECA-USP, aborda os desafios e as polêmicas geradas pela web em seu livro. Em entrevista (por e-mail) exclusiva para o blog herdeirodocaos, Spyer fala sobre web 2.0, jornalismo open-source, blogueiros, desafios para os jornalistas e declara ser dependente da internet”.

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Confira a entrevista sem cortes e edição. Na íntegra.

 

 

Yuri Almeida -“Conectado, o que a internet fez com você e o que você pode fazer com ela”. É o título do seu livro, lançado recentemente. A primeira pergunta que lhe faço é justamente esta: o que a internet fez com você e o que você pode fazer com ela?

 

Juliano Spyer – O título e subtitulo do livro indicam o dilema de quem usa a internet: ela liberta ao mesmo tempo que prende. Quem está conectado, está preso à máquina, à rede e, ao mesmo tempo, consegue ir muito mais longe. A internet fez isso comigo: me tornou um dependente que, inclusive apresenta ocasionalmente sintomas de abstinência. E o que eu fiz com ela, entre outras coisas, fiz um livro. 😉

 

Y.A – Você é um defensor do sistema open-source. Mas, porque não disponibilizou gratuitamente seu livro na rede?

 

J.S – Em poucas palavras, porque o open não se opõe ao mercado, como aponta o professor Yochai Benkler, autor do livro mais importante sobre esse assunto, The Wealth of the Networks, na opinião de intelectuais importantes como o Lawrence Lessig. Entre outros motivos, optei por lançar o livro apenas em papel porque a participação da editora Jorge Zahar adicionou muito valor ao livro, desde o valor do endosso, passando pela contratação de revisores, ilustradores, capistas e muitos outros profissionais, até a distribuição feita para todo o país. Tenho certeza que se o livro tivesse sido lançado apenas online em PDF, voce nem teria ficado sabendo dele e se tivesse, dificilmente se daria ao trabalho de ler, justamente porque eu não sou conhecido e porque existe conteúdo demais na rede, um total overload de informação.

 

Y.A – A evolução da inteligência coletiva passa pelo desenvolvimento dos conteúdos e programas de forma colaborativa?

 

J.S – A idéia – de novo fazendo referência ao Benkler – é que a rede estimula a formação de uma economia de trocas de informação que funciona como alternativa à economia de mercado. Além de trabalhar por dinheiro, as pessoas trabalham para suprir outras necessidades como formar uma reputação profissional ou se sentir bem apoiando projetos que considere relevantes. Isso justifica o sucesso de projetos bottom-up como o Linux e a Wikipedia.

 

 

“a rede estimula a formação de uma economia de trocas de informação que funciona como alternativa à economia de mercado”.

 

Y.A – Recentemente, a revista The Economist fez uma parceira com os 100 blogs, que abordam o debate sobre a política, mais influente dos E.U.A. A estratégia da revista é antecipar o conteúdo para que os blogueiros comentem as matérias gerando, desta forma, interesse no leitor em adquirir a revista. Esse fato explica o que você destaca: que o blog propicia uma experiência libertadora: a de conversar com audiências?

 

J.S – A experiência libertadora a que me refiro é ter a oportunidade de aprender a conversar com audiências, de cada pessoa poder assumir sua parte de responsabilidade pela condução do debate na esfera pública. O fato da The Economist – talvez a revista mais influente do mundo hoje – reconhecer a importância da comunidade blogueira confirma que os meios tradicionais estão procurando maneiras para se inserirem e aproveitarem o fato da comunicação ser barata e acessível.

 

Y.A – O Jornal de Debates promoveu a seguinte discussão: a internet aproxima ou distancia as pessoas. Qual a sua opinião?

 

J.S – Acho que a internet permite que mais pessoas falem entre si. Nesse sentido, ela aproxima.

 

Y.A – Na opinião de Pierre Lévy: “A web 2.0 significa apenas que tem muito mais gente se apropriando da tecnologia da internet, o que a torna um fenômeno social de massa. Você propõe um conceito de web ao vivo e mídia social . Poderia explicar melhor estes conceitos?

J.S – Eu não gosto do termo Web 2.0 porque acho que ele é vago e pode servir para pessoas tirarem proveito do aquecimento da economia oferecendo produtos e serviços que não sejam úteis ou apropriados para as necessidades de quem compra. Web ao vivo é um termo que eu vi no blog do José Murillo Jr e se refere, até onde eu entendo, a essa infraestrutura de comunicação que é sustentada pela participação de pessoas – em oposição, por exemplo, à web que usa notícias “frias”, produzidas e distribuídas em massa pela indústria da notícia. Mídia social vai pelo mesmo caminho.

“cada pessoa poder assumir sua parte de responsabilidade pela condução do debate na esfera pública”.

 

Y.A – Qual a sua avaliação das experiências de jornalismo colaborativo no Brasil?

 

J.S – Acho que estamos presenciando um momento muito rico, de amadurecimento do usuário brasileiro da internet. Até pouco tempo, muita gente que tinha coisas interessantes a dizer não conseguia porque usava a Web apenas para fazer pesquisas e mandar emails. Meu livro foi escrito para esse público, com o objetivo de acelerar esse processo da abertura dos canais de comunicação.

 

Y.A – A prática mostra que o brasileiro gosta mesmo é relacionamento. Você acha que este componente é essencial para as experiências colaborativas? Como poderíamos aplicar o relacionamento em uma experiência de jornalismo colaborativo, por exemplo?

 

J.S – O blog é um instrumento de relacionamento. A maioria dos blogs indica uma série de outros blogs, que constituem sua rede de contatos. O blogueiro vive de reprocessar e repassar as informações que o interessam. Quanto mais o assunto tratado no blog for de interesse público, mais ele estará inserido em comunidades e participará da discussão e da difusão de notícias.

 

Y.A – Você concorda que o blog seja uma manifestação individual?

 

J.S – Sim e não. Um blog só existe junto com a blogosfera. Mas ele é a expressão de uma ou poucas pessoas.

 

Y.A – Em uma entrevista você declarou: “Logo seremos parte de um Matrix e as pessoas vão preferir usar o Google a usar suas memórias”. Isso prova que a tecnologia é a extensão do homem? Ou a internet será uma dependência nociva?

 

J.S – A tecnologia sempre causa dependência. Será que nos adaptaríamos facilmente à vida sem eletricidade? Acho que a frase que voce citou apenas indica que estamos mais submetidos a essa infraestrutura de armazenamento e transmissão de informações.

 

“A tecnologia sempre causa dependência”.

 

Y.A – Ao afirmar que um blogueiro profissional não é diferente de um jornalista, você esta se referindo as técnicas utilizadas (reportagem, entrevista) e o fim da atividade (produzir conteúdo) ou o blogueiro também já pertence ao campo social do jornalismo. Eles possuem o mesmo capital social? Desempenham a mesma função na sociedade?

 

J.S – Eu acho que o blogueiro não é só a pessoa que usa o blog para se comunicar. O blogueiro profissional, que ganha para escrever, está se colocando na função de jornalista.

 

Y.A –Quais seriam os desafios (resultante da internet) para os futuros jornalistas?

 

J.S – acho que o desafio se resume ao que o dan Guilmor disse no seu We Are the Media: “aprender que sua audiência sabem mais que você e que isso pode ser uma grande vantagem”.

Y.A – O que você acha mais interessante na internet? E o mais bizarro?

J.S – Acho que a própria internet é o mais interessante da internet. E com relação a coisas bizarras, é mais fácil ler o livro The Cult of the Amateur, que mostra muitos motivos para a gente ter saudades da época em que a internet não existia.