Popularização da câmera escondida

é a definção do Francisco Madureira para o Qik um mix de Youtube e do Twitter. A idéia é simples: o usuário faz um cadastro, confirma-o via SMS, aí vem o loading… e depois o sistema fica online para você fazer o streaming de vídeo do próprio celular.

Vigilância? Monitoramento? Voyeur? Uma ferramenta a mais para o ciberativismo? Um alternativa para democratizar a mídia?

O Francisco propõe uma série de idéias (muito boas) políticamente incorretas do que fazer com sua nova câmera escondida com transmissão para o mundo. Pensei em várias besteiras, mas prefiro compartilhar com vocês apenas que o Qik poderá ser uma ferramenta para o jornalismo open source, tendo em vista que o “inusitado” tem destaque nos critérios para definir a noticiabilidade do conteúdo colaborativo.

A novidade é a mobilidade que o Qik permite. Dessa forma, o cidadão-repórter poderá enviar do próprio local as informações sobre o fato ou a cobertura do próprio fato in loco. E não é apenas isso, já que o jornalismo (dos mass media) é alimentado por relatos de segunda/terceira mão, o conteúdo colaborativo poderá ocupar um papel crucial tanto registro em primeira mão como publicá-lo, o que poderá gerá uma interferência na esfera de visibilidade pública. Coisa que todo mundo espera…

A observar…

Jornalismo colaborativo na Bahia

Entrou no “ar” hoje o Boca do Povo, baseado no jornalismo open source, que permite a colaboração dos usuários na construção de notícias. A experiência é inovadora na Bahia, estado que registra os piores indícies de acesso à internet.

De qualquer forma, é louvável a iniciativa das jornalistas Ana Maria Negreiros e Sandra Miranda, que desenvolve o mesmo projeto em Tocantins.  Lá, o Boca do Povo já conta com mais de 600 colaboradores cadastrados, que enviam notícias diariamente e tem cerca de 90 mil acessos por mês. 

Dei uma olhada rápida no projeto e me assustei com o copyright e a utilização do (velho) LEAD para a construção da notícia. Mas, isso é assunto para amanhã. Segundo as idealizadoras:

A idéia de utilizar a técnica do Lead como uma ferramenta de apoio, e a criação de um sistema que permite a composição do texto através dele, foi tomada pela equipe do Bocadopovo.com.br, após a realização de um estudo, no qual observou-se que os primeiros veículos no mundo, que já fazem uso desta nova modalidade, o Jornalismo Cidadão, terem tido dificuldade de participação popular por causa da insegurança do internauta na hora de escrever sua notícia.

Dúvidas, muitas dúvidas sobre esta consideração/filosofia.

66 pontos sobre o futuro da comunicação

Descobri via FocoFuturo, um estudo da Associação Mundial de Jornais (WAN) e da consultoria Kairos Future que sinaliza as 66 tendência que influenciam (ou influenciarão) a maneira de pensar o marketing e fazer comunicação.

A lista é longa mas vale a pena dar uma olhada:

1- Infoentretenimento

2- Crescimento da disponibilidade (24 horas/7 dias) – as pessoas não compram o que realmente querem. Compram o que encontram disponível

3- Novas constelações de família

4- Momento de viver o “just in time” americano

5- Infinitas escolhas em produtos e serviços

6- Simplificação da vida – resposta ao estresse cotidiano

7- Compradores profissionais – shoppers com extenso conhecimento de produtos e serviços

8- Individualismo

9- Velhos parceiros – mais e mais pessoas idosas (mais e mais saudáveis)

10 – Pânico climático – maior preocupação com poluição e emissão de CO2

11- Consumidor está no controle – blogs e outras ferramentas

12- Geração de consumidores criativos – criação e distribuição de mensagens comerciais de consumidores

13- Mobile broadband (banda larga móvel)

14- O hype do design – 50% a 70% das decisões de compra ocorrem no ponto-de-venda reforçando o foco no design e embalagens

15- Papel inteligente

16- Boca-a-boca e mouse-a-mouse – marketing viral ganha confiança total dos consumidores

17- “Long tail” – mídia digital oferece novas possibilidades para nichos de audiência

18- Redes sociais – as redes sociais crescem

19- Geração de nativos digitais – o total gasto na internet dobrou no último ano na Suécia (Europa). Pessoas jovens não vêem internet como tecnologia mas como algo simples que está sempre por perto

20- Pesquisa por autenticidade – em um mundo de fakes, a autencidade se torna mais importante

21- Mídia de localização – GPS e outras ferramentas possibilitam conteúdos de localização e inserções publicitárias

22- Consumidor como co-produtor de idéias, conceitos, tendências

23- Relações públicas e marketing – conteúdo editorial tem maior impacto do que peças publicitárias, o que torna relações públicas uma atividade de vendas

24- Jornalismo mais analítico

25- Mais plataformas de mídia

26- Fragmentação da audiência

27- Transações online = receitas online

28- Maior compartilhamento de conteúdo criado pelos consumidores – mais formas de expressão dos consumidores na internet

29- Jornais gratuitos

30 – “Snacks news” – notícias em “pílulas”

31- Novas demandas em vendas – vendas de publicidade se tornam extremamente importantes e difíceis – em um ambiente de extrema pulverização de canais de mídia. Equipes de vendas tornam-se “media brokers”

32- Target altamente segmentado

33- Mídia digital oferece melhor mensuração – é possível prever o impacto das peças publicitárias, clicks e transações

34- Receita dos jornais vem da mídia digital

35- Mobile news – consumidores não lêem mais os jornais. Consomem notícias em trânsito para o escritório, para a casa ou em reuniões do escritório acessando o celular

36- Tempos difíceis para assinaturas de jornais

37- E-paper – displays flexíveis e dobráveis são nova geração de gadgets

38- Jornais se tornam exclusivos – acesso para classes exclusivas

39- Companhias de jornais se tornam apenas mais uma mídia

40- Ataque vindo do below the line – ataques criativos em marketing online, ações globais, numa época de rápida movimentação

41- Globalização da mídia – consumo global e intenso de mídia na internet

42- Estratégias multi-canal – diferenças entre jornais, TVs, rádio, revistas e internet ficam cada vez mais fracas. A estratégia é abranger todas as mídias integradas

43- Colapso na mensuração – novas ferramentas serão necessárias

44- Marketing cada vez mais direto – publicitários querem alcançar consumidores diretamente. Sites de campanhas, clubes de compradores, presença nas redes sociais são meios de avançar além da mídia tradicional

45- Jornalismo cidadão – pessoas jovens querem se envolver e fazer parte da reportagem

46- Mix de midia mais complexo – clusters de novas mídias (YouTube, clips, canais de esporte na TV)

47- Individualismo e queda da audiência de massa

48- Desafios na liberdade de imprensa – jornalistas de países como China e Rússia enfrentam dificuldades com censores e perseguições

49- Melhor qualidade de material impressos – mais cores e considerável aumento da qualidade na mídia impressa

50- Informação instântanea – atualizações de notícias minuto a minuto

51- Maior regularidade de informações com simetria na distribuição das notícias

52- Informação visual – conteúdos visuais são consumidos mais facilmente. Mais e mais telas (displays com vídeos) vão aparecer

53- Jovens pessoas com um novo comportamento de mídia – internet é a plataforma de mídia deles

54- Serviços – webpages pessoais gerenciadas com notícias, serviços e atualizações

55- Era do print digital

56- Interesse em grupos é maior do que interesse na opinião pública geral (target)

57- Novo modelo de receitas na internet

58- Enfraquecimento do controle das marcas e companhias. Crescimento do contato com o consumidor

59- O conteúdo torna-se mais importante do que o canal (a mensagem é o meio)

60- Empresas e companhias tornam-se competidores de jornais no fornecimento de conteúdo

61- Perdendo lealdade – se os consumidores não gostam da mídia ou programa, mudam imediatamente para novos canais

62- Perda de circulação de jornais

63- Avalanche da mídia – super exposição de histórias na mídia

64- Jornais hiper locais

65- Companhias online se tornam fortes competidores de jornais

66- Marketing one-to-one – várias técnicas incluindo inteligência artificial possibilitam ao Google e outros competidores materializar na internet exatos desejos e necessidades dos consumidores.

Ciranda de Texto: Mercado de Trabalho

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Este post integra a segunda edição do Ciranda de Texto, versão brasileira do Carnival of Journalism, projeto que consiste em reunir textos articulados por diversos blogueiros acerca de um tema pré-definido. O tema deste mês é Mercado de Trabalho e o Pedro Penido será o responsável pelo Guia de Leitura (disponível aqui) que consiste em um resumo de cada texto e um link para o endereço onde ele se encontra.

Três pontos para o ciberjornalismo

Semana passada fui questionado por um amigo jornalista, do tempo da máquina de escrever, sobre quais ferramentas/conhecimentos devem ser incorporados ao habitus jornalístico para obter “sucesso” na web.
Penso que a tarefa revolucionária para aqueles que já estão ou estão a chegar na profissão, tendo em vista mudar o “fazer” jornalismo na internet passa por três pontos: ser, produzir e relacionar.

“Ser” diz respeito à compreensão do papel que o jornalista desempenha na sociedade, o de mediar e construir a esfera de visibilidade pública, bem como o poder que esta atividade possui (nenhuma novidade até aqui, mas ainda ouço coleguinhas de profissão afirmarem, por exemplo, que basta o controle remoto para democratizar a comunicação). “Produzir” implica conhecer as novas tecnologias como blogs, RSS, podcast, linguagens de programação, softwares de edição para elaboração de conteúdos multimídia (texto, som, vídeo). Por fim, e o mais importante, é o relacionamento com o público, isso porque o leitor não apenas está no controle e decide a forma que irá consumir as informações, como também anseia em participar da produção de conteúdo.

Sem querer me filiar aos apocalípticos, mas a cultura do “faça você mesmo!”, potencializada pela internet e a liberação do pólo emissor coloca na berlinda o papel do jornalista como mediador/tradutor da sociedade e suas complexidades. Entretanto, não pretendo afirmar: o jornalismo/jornalista entrará/ão em extinção, mas urge repensar o “relacionar”.

A mediação jornalística baseia-se em recortar fragmentos da “realidade” e apresentá-los aos receptores, em um sentido mais conectivo (realidade – público) do que dialógico. Essa mediação dialógica é a premissa essencial para o ciberjornalismo.

“(…) Parece fundamental que seus jornalistas desejem ser, antes de tudo, mediadores; que não se proponham à pretensão de preparar, manipular ou guiar as pessoas tampouco em “construir a verdade”, mas tenham como premissa encorajar o diálogo entre diferentes grupos sociais”. (BRAMBILLA, 2005, pg. 55).

A liberação do pólo emissor gerou uma plurivocalidade, que pode ser conceituada como “efeito conversacional”. Consequentemente, a esfera de visibilidade pública é ampliada, uma vez que surgem novas vozes e nos espaços para o debate. O professor Marcos Palacios acredita que este fenômeno cria novas oportunidades para o jornalista se “encaixar” no mercado, isso porque “o jornalista é um agente social e cria uma forma específica de informação organizada e, portanto, uma forma de conhecimento”.

Ana Brambilla diz que “o jornalista da web passa a ter como tarefa central juntar idéias e lhes dar um formato agradável à audiência. A integração de público e profissionais de imprensa desmitificaria o jornalista como um propagador de pontos de vistas soberanos instituindo-o como alguém que consolida uma informação que vem do público, a que se acrescenta a importância que o jornalista assume no estímulo à discussão pública de pautas com diferentes enfoques” (BRAMBILLA, 2005, p. 52).

Dessa forma, o jornalismo retorna a sua função clássica de propor temas à sociedade para discussão. A notícia deixa de ser um mero produto, para tornar-se ponto de partida para o debate público.

Estamos preparados para tal?

Jornalismo na Internet, parte 1

“O texto longo não morreu, o que mudou (com a internet) foi a forma de apresentá-lo”. Esta foi umas das teses defendidas pelo prof. Dr. Javier Díaz Noci, da Universidade del País Vasco, em sua palestra (que abriu o mini-curso “Jornalismo na Internet”, promovido pelo GJOL)  sobre “Redacción para periódicos digitales”.

<<Confira o podcast da palestra>>  

A palestra foi bem didática e visual, com a apresentação de experiências positivas e negativas de modelos de jornalismo digital e as lições que podem-se tirar delas. Várias “dicas” foram apresentadas para tornar mais eficiente a produção de conteúdo para web, tais como a utilização de tags, hipertextos, utilizar o negrito como “destaque” para determinado aspecto do texto e os recursos multimídia como integração das noticias e não como mera justaposição das matérias.

Na opinião de Noci os modelos de narrativas digitais devem explorar os elementos característicos da web, como a memória, a instantaneidade, interatividade, personalização, hipertextualidade e a multimidialidade. Para ele a estrutura ideal para a “apresentação” das notícias na web é a estrutura arbórea, pois permite ao leitor uma maior navegabilidade dentro de determinada matéria. A idéia de Noci me fez lembrar das considerações de João Canavilhas, em artigo, sobre o uso da pirâmide invertida na web. Diz Canavilhas:

“Usar a técnica da pirâmide invertida na web é cercear o webjornalismo de uma das suas potencialidades mais interessantes: a adopção de uma arquitectura noticiosa aberta e de livre navegação”.

O professor da Universidade del País Vasco, destacou que desenvolver novas estruturas noticiosas (e a arbórea é uma boa referência) é o desafio para os medias digitais.

Futuro dos Jornais 

Noci, questionado sobre “o que deve ser feito pelos jornais para obterem êxito na web”, foi bastante enfático:

“O futuro para o jornalismo é o investimento ($$$). É preciso que as empresas enxerguem a internet como uma nova estratégia de negócio e que desenvolva experiências renovadoras na rede”.

A tendência do produtos digitais, acredita ele, será focada em nichos, em comunidades específicas, seja por afinidades ou pertencimentos geográficos, isso porque “o leitor deixa de pertencer a massa. Agora ele tem rosto, nome e voz”.

Complementaria a tese de Noci, afirmando que os leitores filtram com bastante rigor o consumo dos produtos midiático. Isso se deve tanto a ruptura com a “inércia da recepção passiva”, como ao aumento considerável de novas ofertas simbólicas.

No vídeo abaixo, o professor Dr. Javier Díaz Noci responde ao questionamento sobre o perfil/papel dos jornalistas na produção de conteúdo digital e faz uma reflexão sobre o (defasado) ensino das faculdades de comunicação.

Infografias Digitais

Quer saber as as principais tendências entre as infografias digitais multimídia?

Quem dá a dica é Christian Marra, do blog Master Digital, que comenta os infográficos vencedores do prêmio da SND – 2007, a evolução, possibilidades e categorias da infografias digital.

Bem que poderíamos aprender!

12 tópicos para a salvação do jornalismo

Mudança de concepção do “fazer” jornalismo. É a tese defendida por Howard Owens em artigo no Media Blog. Não há outra alternativa tanto para os profissionais como para as empresas a não ser desenvolverem novas atitudes e culturas sobre os ambientes midiáticos digitais.

“We have decades and decades invested in doing things based on old rules. Now, the rules have changed, and newsrooms need to change as well. We need new attitudes and new cultures. This will only happen if individual journalists put forward the effort to change their minds about what their jobs are and how they do them”

Owens sustenta que o usuário não apenas está no controle e decide a forma que irá consumir as informações, como também anseia em participar da produção de conteúdo.

A “pauta do dia” é recriar o jornalismo para o século XXI.

Eis a “receita” de Owens. (cópia da versão traduzida pelo blog do GJOL)

1. Torne-se um blogger. Isso não quer dizer, necessariamente, “crie um blog”, ainda que isso nunca seja uma má idéia. Ainda mais importante: torne-se um ávido leitor de blogs. A leitura de blogs deve fazer parte da rotina de qualquer jornalista dedicado.
2. Torne-se um produtor. Equipe-se com um gravador digital, uma câmera fotográfica ou de vídeo e comece a produzir conteúdo para além do texto.
3. Participe. Ao ler blogs, deixe comentários. Se o jornal online para o qual você trabalha permite comentários nas reportagens, leia-os e faça seus próprios comentários.

4. Construa um website.
5. Torne-se digitalmente alfabetizado. Você deve saber o que é Flash e como se diferencia de Ajax. Você deve saber o significado de coisas como HTML, RSS, XML, IP, HTTP e FTP.
6. Use RSS.
7. Compre online.
8. Equipe-se com aparelhos móveis. Tenha um vídeo iPod, um Smart Phone, um laptop, e esteja conectado nas wi-fis ao se mover por aí.
9. Torne-se um ávido consumidor de conteúdos digitais. Assista vídeos no YouTube. Faça download de vídeos e podcasts. Ligue menos sua TV e mais seu computador.
10. Seja um aprendiz. A tecnologia está em rápida mudança. Não é possível manter-se atualizado sem ser um aprendiz dedicado.
11. Converse com seus colegas sobre o que está aprendendo. Seja um agente da mudança. Faça com que outros jornalistas se sintam excitados com as novas ferramentas digitais.
12. Leia Journalism 2.0, de Mark Briggs, disponível em PDF para download gratuito. É a melhor cartilha já produzida.

Como fazer um infográfico

Ao ler o Intermezzo, descobri como o G1 produz suas infografias.

<<Descubra também>>

Diante da multimidialidade da web, a capacidade de apresentar a reportagem em formatos alternativos torna-se o grande desafios tanto para os jornalistas como para as empresas.

A imagem acima é um recorte da apresentação que o G1 proporciona em seu sítio ensinando como fazer o bolo.