80 claves sobre el futuro del periodismo

Em seu livro 80 claves sobre el futuro del periodismo (2012), José Luis Orihuela, destaca aspectos essenciais para entender os desafios e oportunidades para o ciberjornalismo. A primeira questão tratada pelo autor diz respeito a uma falsa dicotomia entre os novos e velhos atores do jornalismo.

“Uma premissa falsa que garantiza el eterno retorno del cruce de recriminaciones entre nuevos y viejos actores del periodismo, la perpetuación de uma falsa dicotomia que ve como mutuamente excluyentes a los ‘frustrados con los periodistas’ – actores mediáticos de fuera de las redaciones que utilizan las nuevas tecnologias para comentar la actualidad que generan los viejos y nuevos médios – y a los ‘periodistas frustrados´ – profesionales del oficio de la información que resisten en unas redacciones jibarizadas por la crisis de modelo”.

Neste cenário, onde há uma crescente volume de informação na Web, Orihuela, diz a que importância dos jornalistas é ainda maior, pois é preciso produzir, selecionar, contextualizar, distribuir de modo mais adequado para servir de forma eficiente a sociedade. “Por uma parte, la red es um fabuloso mecanismo de desintermediación, pero por outra parte es también um entorno generador de nuevos intermediários” (pg. 49)

Um exemplo desses “novos intermediários” é a filtragem e recomendação que os usuários fazem com o uso das mídias sociais, pois não basta a mera acumulação de informação, mas um sim uma grande necessidade de hierarquização e estabelecimento de prioridades

“Los processos de jerarquización informativa y establecimiento de agenda están evolucionando de forma cada vez más evidente desde el modelo centralizado articulado em torno a los médios y a sus editores, hacia un modelo descentralizado, basado en las redes, la inteligência colectiva, las tendências globales y el filtrado social” (pg. 164)

Em uma época onde o jornalismo está em constante modificação “no son los más grande ni los más flertes los que sobreviven, sino los que pueden cambiar más rápido” (pg. 19). Uma dessas mudanças diz respeito a arquitetura da notícia, que na opinião de Orihuela deve ser contínua.

“Tratar a cada artículo o noticia como uma ‘ unidad atómica de consumo online’ consiste en dotar a cada pieza informativa de la autonomia, actualización y contexto suficiente como para que pueda ser compreendida y valorada por el usuário que acede desde un enlance en otro sitio o desde uma búsqueda” (pg. 50)

Outra questão que o autor discute, relacionada a arquitetura da notícia, diz respeito a navegação nos sites jornalísticos. Até então a estrutura é baseada em editorias fixas, porém Orihuela aponta para uma organização do conteúdo a partir das tags. “Las etiquetas (tags) permiten una organización de la información basada en la actualidad y en los interesses de los usuários” (pg. 112)

Por fim, ao analisar “los médios del futuro” e propor cinco pontos para pensar o futuro dos meios de comunicação, a ubiquidade foi a “chave” que julgo de mais valia, a saber:

“Los médios del futuro estarán allí donde estén sus usuários. El tempo de los médios dejará de ser la periodicidade regular y será el tempo real, que es el tempo vital de los usuários. Mientras se discute acerca de si las redacciones deben ser o no ser convergentes, la evolución de las tecnologías personales de acceso a la información pone de manifiesto que, em cualquier caso, los médios están abocados a ser multiplataforma” (pg. 188)

Brasileiro é o que mais consume notícias em dispositivos móveis

Pesquisa da comScore aponta que os brasileiros são os usuários que mais leem jornais por meio dos tablets. No que tange o acesso ao conteúdo, 31,8% do tráfego de notícias é oriundo do iPads. Em segundo figura o iPhone, com 21%.

O mais curioso é que os leitores consomem conteúdo duas vezes mais, via tablets, do que em PCs. O acesso móvel representa apenas 1% do total de acesso à Web.

Apesar da baixa popularidade, o iPad lidera o acesso à Internet, a partir de dispositivos móveis, com 32%, seguido pelo iPhone (21%) e em terceiro o Android (11,7%). O iPad também lidera o ranking do tablet mais utilizado no Brasil.

Jornal abandona site para atuar apenas no Facebook

O jornal hiperlocal Rockville Central, sediado nos Estados Unidos, abandonou a sua homepage (servirá apenas como arquivo das reportagens) para publicar suas notícias apenas no Facebook. As matérias são publicadas na aplicação “Notas” do FB.

O Rockville Central cobre uma pequena região dos EUA, com pouco mais de 60 mil habitantes. No comunicado oficial, onde o jornal explica a decisão de migrar integralmente para o Facebook, destacam:

“Se o Facebook é o lugar onde a maioria das pessoas dedicam seu tempo, por que ter uma Web separada das pessoas? Por que não irmos para onde as pessoas estão?”

Segundo o Rockville Central, via Facebook, o jornal recebeu a maior parte dos comentários e da participação, assim como boa parte dos seus visitantes – o Facebook fica em segundo lugar, atrás apenas do Google.

Apesar do entusiasmo, uma rápida observação da migração do Rockville para o Facebook, indica alguns problemas: a aplicação “Notas” não é adequada para a publicação de conteúdo devido a sua estrutura, é impossível criar tags para os posts ou um campo de busca específico, o Rockville Central também não tem gestão plena da publicidade e, por fim, está submetida as normas e regras do Facebook – que já deletou perfis por falarem de Osama Bin Laden, por exemplo.

Palestra da Lígia Braslauskas em Salvador

Quase que a chuva atrapalhou a minha chegada na palestra da Lígia Braslauskas, editora de Jornalismo On line da Folha de São Paulo, realizada hoje de manhã na FTC, em Salvador.

O foco da palestra fora o processo de implantação do sistema digital na Folha e a coleta/atualização das informações na versão online e impressa, passando por formação acadêmica, interação com os leitores, estrutura da redação e afins.

Fiz a cobertura do evento via twitter (aqui também), onde você poderá entender as principais teses da Braslauskas e o debate que aconteceu por lá.

Destaco o (rápido) bate-papo que tive com a editora da Folha de São Paulo em sua versão online sobre jornalismo colaborativo. Na opinião dela, a proposta open source é interessante para a construção da notícia, mas não em sua totalidade, apenas em algumas etapas, como sugerir uma pauta e/ou comentar uma matéria.

Braslauskas disse-me ainda que a Folha de São Paulo Online não pensa em potencializar a colaboração em sua home. Continuarão com o tímido espaço do envie sua foto/texto.

Comentei que tratava-se de uma tendência mundial e usei até a frase do Gillmor que acredita impossível fazer jornalismo sem a colaboração do público e que a “abertura” possibilita um produto final com mais qualidade. Ela acredita que experiências open source journalism sofrem de credibilidade, preocupação natural dos jornalistas, e que discordo muito. Penso que é uma questão mais relacional.

Acho que existe uma questão de mercado também nesta postura da Folha. Quando falamos das experiências brasileiras, a editora da FSP justificou que o IG e o G1, por exemplo, são portais, já o Estadão,concorrente direto e a revista Veja ainda não adotaram tal concepção colaborativa.

Javier Noci ministrará curso em Salvador

“Narratividade e Pesquisa de Análise de Mensagem no Jornalismo Online” será a temática explorada pelo professor Dr. Javier Diaz Noci (Universidad Del País Vasco – Espanha), de 01 a 05 de setembro de 2008, das 15 às 18h, no Auditório da Faculdade de Comunicação – UFBA.

O curso, que será gratuito tem como objetivo:

a) abrir discussões em torno das tendências do jornalismo contemporâneo, especialmente no que diz respeito às formas de narratividade em uso e emergentes;

b) tomar contato com a visão de um pesquisador de ponta na área;

c) atualizar profissionais quanto às tendências do jornalismo online e seus cenários futuros.

O professor Noci esteve aqui em Salvador no ano passado. Estive por lá e fiz a cobertura da palestra.

O que é o que A Tarde tem?

Tem me assustado o método que o A Tarde apresenta suas novas funcionalidades e produtos. A nova versão digital, prometida para o dia 5 de agosto e reprogramada para o dia 31 deste mês começa a aparecer em doses homeopáticas.

Primeiro fora o lançamento dos vídeos para o integrar o noticiário do jornal baiano. Em nota divulgada o veículo dizia “ampliar a oferta de conteúdo multimídia” com a simples disponibilização de vídeos em seu site. Estranho…

Agora foi a vez do A Tarde potencializar os seus blogs, a divulgação é claro. Teve até chamada na capa do impresso.  O conteúdo veiculado nestes blogs ainda está na fase transpositiva, a etapa primária do ciberjornalismo: as matérias publicadas no impresso vão para o site. Só falta falar que isso é cross-media. O pior é que anunciaram o “velho” como novo.

Estou a pensar…diante de anúncios de modernidade da imprensa baiana serão essas as “novidades” que o A Tarde irá implantar?

Curtas e blogcamp-se

Viagem tranquila e depois de cinco horas chegamos (eu, Gerson e Tiago Celestino) em Aracaju para o participar do Blogcamp-se. Estou admirado com a beleza de Aracaju. Apesar de ser uma capital, o “ar” por aqui é mais de interior, o clima é mais ameno e o tempo parece passar mais lento do que em Salvador.

Tudo bem que é uma impressão inicial e rápida, afinal estou há exatamente 5h na cidade, mas, enfim…gostei de Aracaju. Porém, ainda desconfio dos taxistas, acho que eles fazem o caminho mais longo para aumentarem seus rendimentos.

Sobre o hotel. Na internet ele é branco, mas na verdade é verde (que locura), mas tem wi-fi em todos os pontos, até aqui na piscina de onde escrevo este post.

Por falar em post…três assuntos me chamaram atenção:

1- O Google divulgou a quantidade de páginas indexadas. A cifra é de 1,000,000,000,000. Outra boa notícia (2) é que o Google finalmente abriu o Knol para o público. O Knol é uma enciclopédia colaborativa digital, assim como a Wikipedia, mas com alguns diferenciais.

Dei uma olhada lá, entretanto me pareceu mais “retalhos de conhecimentos” do que enciclopédia, no que diz respeito à navegabilidade. Talvez esteja acostumado com a Wikipedia…analisarei com mais calma.

3- Carlos Castilho analisa os desafios para os ciberjornalistas. Segundo ele,

o grande dilema do jornalismo online no momento não está na tecnologia e estratégias de negócios, mas sim da adaptação de rotinas e valores à nova realidade informativa em que o público tem um papel muito mais presente do que nas redações convencionais.

Amanhã tem mais, via twitter e streaming. Através do twemes é possível acompanhar outros twitter sobre o Blogcamp-se.

Jornal A Tarde terá novo site

Li no site do Tasso Franco que o jornal A Tarde dará um upgrade em seu site (já era tempo). Convergência, interação, multimidialidade e colaboração são conceitos-chaves para mudança, visando adaptar-se à Web 2.0.

A nova versão entrará no “ar” dia cinco de agosto e custou R$ 300 mil. O A Tarde é líder no mercado baiano e um dos maiores do Norte-Nordeste. Atualmente, o grupo possui uma rádio FM, jornal impresso e site jornalístico.

Em tempo, o Correio da Bahia também anunciou mudanças

Apontamentos sobre infográficos

“Leitores não têm tempo a perder, por isso devemos criar estratégias para atrair a atenção do receptor”, esta foi a tese defendida pelo Fábio Marra, editor de arte do Folha de São Paulo, em aula lá na pós-graduação.

Segundo Marra, 20 minutos é o tempo médio gasto pelo leitor nas páginas de um jornal impresso no Brasil, logo criar páginas limpas, de fácil leitura e que ensinem algo deve ser o objetivo dos veículos. E a infografia ocupa um papel essencial neste processo, tendo em vista que a infografia é a “construção e representação visual do texto” e é uma ferramenta extramamente útil para ampliar o entendimento do leitor do conteúdo veículado.

Marra estabeleceu três regras básicas para “apresentar” o conteúdo:

1- organizar melhor as páginas visando destacar o que a publicação se propõe

2- as páginas devem possuir “sinais” que guiem o leitor pela página

3- a disposição de imagens e textos devem favorecer a navegabilidade

Questionado sobre o estágio da infografia no Brasil, sinalizou que os produtos são perfeitos visualmente, porém ainda carentes de bons conteúdo. Na web, os infográficos ainda estão em fase de experimentação. Tecnologicamente são funcionais, mais ainda não absorveram a multimidialidade e a interação com o usuário.

Apesar de acreditar que a narrativa visual é uma alternativa para atrair a atenção dos leitores e dar mais qualidade aos jornais, Marra destacou que a qualidade da informação precisa estar em primeiro lugar, matérias bens escritas e conteúdos bem apurados.

Como estava em uma turma formada basicamente por jornalistas, o editor de arte da Folha de São Paulo alfinetou:

“É preciso mudar a concepção do fazer jornalismo. Não basta o repórter ir para rua e voltar com os bloquinhos recheados de anotações. Ele precisa pensar como a sua matéria irá figurar na página, qual imagem usar, os recursos gráficos a serem articulados para tornar mais fácil o entendimento do conteúdo e a pensar em estratégias que prendam o leitor  e faça com que ele leia a matéria até o final”

Como está na moda perguntar se os jornais impressos correm o risco de acabar…Marra rebateu afirmando que não acredita nesta possibilidade, porém no futuro teremos produtos mais visuais, com menos textos e a infografia terá ainda mais importância nas redações jornalísticas. Acredita também na convergência como condição fundamental para a existência dos jornais e, segundo ele, o conteúdo publicado pelos media na internet deve ser de acesso gratuito.

Jornalismo colaborativo no You Tube

Citizen News é o nome do canal criado pelo You Tube para potencializar a produção colaborativa dos seus usuários. Em formato de videoblog, os conteúdos noticiosos serão agrupados e apresentados.

Importante passo do You Tube para destacar a própria “estrutura colaborativa” que alimenta o site. Iniciativas como essa explicam os motivos para que jovens da América Latina preferem a internet à televisão.

Os diversos canais criados no/pelo You Tube rompe com o “aprisionamento espaço-temporal” que a grade de programação estabelece com a audiência, altera a própria lógica do cidadão “aparecer” no noticiário (geralmente três princípios: quando ele é a notícia, quando ele é atingido pela notícia ou quando é fonte para a notícia), a co-autoria embaralha tais princípios, ora o cidadão é notícia, faz a notícia, é fonte, um mix que coloca em debate os próprios critérios de noticiabilidade dos mass media e os valores que configuram o jornalismo como uma instituição social. Para quem pesquisa o jornalismo colaborativo é uma excelente “objeto” para analisar a relação dos gêneros televisivos com o jornalismo open source.

Via JW