Estudo do Brodeur Media Survey (dica do GJOL) acerca do impacto das mídias sociais sobre a cobertura jornalística nos Estados Unidos revela: as mídias sociais contribuíram positivamente para a diversidade na cobertura jornalística, segundo os próprios jornalistas.
O que mais chama atenção são os seguintes dados:
– os repórteres cobrindo jornalismo político e tecnologia são os maiores utilizadores de mídias sociais, sendo que 65% dos jornalistas políticos lêem blogs com regularidade e 36% blogam como parte de sua atividade jornalística.
É certo que a realidade dos medias norte-americanos é diferente da mídia brasileira, mas os dados evidenciam uma esfera pública com novas características. Tal mudança é essencial também para entender a flexibilização do oficialismo das fontes autorizadas/especialistas vigente nos jornais para a ampliação de outros discursos com a liberação do pólo emissor.
Entendo dois estágios para esfera pública (sociedade de massa e sociedade em rede):
A sociedade de massa é caracterizada por:
- Separação entre a esfera pública central e esferas públicas periféricas;
- Processo de debates fortemente hierarquizados e unidirecional;
- A busca dos grupos ideológicos pelo domínio da esfera pública, o que pode garantir, conseqüentemente a opinião do público;
- O fluxo comunicacional se dá: um-todos.
Já na sociedade em rede:
- Existe comunicação entre as esferas pública (central x periférica)
- Os meios de comunicação são formatados em rede, o que possibilita a descentralização do debate.
- O fluxo comunicacional torna-se multidirecional e em vários níveis.
Contudo, o alargamento do campo jornalístico, a utilização da mídia social e a validação de outros fontes na cobertura jornalística traz o seguinte desafio:
67% deles (jornalistas) opinam que tiveram efeito negativo quanto ao rigor no material divulgado.
A tal credibilidade é o grande aspecto discutido quando o assunto é o conteúdo colaborativo. E parece-me que a “apuração” precisa estar atenta ao apropriar-se da mídia cidadã. Afinal o conteúdo open source, neste caso, precisa de uma validação do jornalismo para configurar-se como notícia. Por outro lado, o estudo Brodeur Media Survey ratifica o conceito (mutualismo) que tenho trabalhado em minha pesquisa acerca da relação mainstream midiático e produção open source.
Penso que esta relação pode ser explicada com o conceito do mutualismo (tomado de empréstimo das ciências biológicas) que consiste na interação entre duas espécies que se beneficiam reciprocamente da relação. Existem duas modalidades de mutualismo: simbiose ou facultativo. A simbiose afirma que as duas espécies não podem viver separadas. Acho que tal modalidade não se aplica no convívio entre mídias. Já o facultativo parece-me explicar melhor essa relação, uma vez que protocooperação sinaliza que as duas espécies podem viver independentemente ou trocar de parceiro.
Por fim, dificilmente os mass media deixaram de ser o pólo central do preenchimento da esfera pública e fonte para a produção de conteúdo das novas mídias. Creio que a internet proporcionou poucas rupturas, mas grandes continuações, no jornalismo, algo como uma remediação, onde o “novo” não surge para aniquilar o antigo, mas para complementar, remixar….