Ontem comentei algumas ações dos cubanos para “circular” informação na ilha e o papel da internet nesta questão. Hoje, lendo os feeds, a notícia que o blog Generación Y, escrito por Yoani Sánchez, 32, graduada em linguística foi censurado em Cuba, não podendo assim, ser acessado a partir do país, fora assunto em diversos blogs e jornais.
Escreveu Sánchez em seu blog:
(…) quiere decir bloquearme el sitio, filtrar mi página, en fin, “pinchar” el Blog para que mis compatriotas no puedan leerlo. Desde hace un par de días Generación Y es sólo un mensaje de error en la pantalla de muchas computadoras cubanas. Otro sitio bloqueado para los “monitoreados” internautas de la Isla.
O Generación Y registrou 1, 2 milhão de visitantes e versa sobre a sua vida em Cuba e descreve as dificuldades econômicas e restrições políticas que enfrenta.
Em tempo, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), ligada à ONU, Cuba apresenta a menor taxa de disseminação da internet na América Latina, pois apenas 0,9% dos 11,2 milhões de cubanos têm acesso à rede mundial. Raúl Castro aprovou a venda de computadores aos cubanos. Será que esses dados irão mudar? Segundo reportagem da Folha de São Paulo, Cuba tem atualmente cerca de 600 clubes de computação (com acesso à web), nos quais estudam cerca de 100 mil cubanos.
Este post me fez pensar: apesar da sociedade em rede, a internet potencializou o alargamento e revelação do “eu”. Fala-se mais do “eu” do que em “nós” na internet, justificável pelos valores individualistas e competitivos da sociedade capitalista.
E aí penso ser o grande desafio de governos socialistas: The new man não nasceu com a Revolução Cubana, porém um homem mais solidário, com valores colaborativos, talvez com sentimentos de pertencimento e reconhecimento de integrar uma sociedade floresceu. Em sistemas políticos, como o vigente em Cuba, o indivíduo, ou o “eu” é menor do que o “nós”, o coletivo, o Estado. Me parece que existe nesta relação internet (onde o valor máximo é liberdade de expressão) e Cuba um choque de concepções ideológicas sobre tais liberdades.
A democracia não garante a igualdade social, apenas liberdades políticas e de expressão. É uma troca que fazemos, o preço que pagamos para seremos “livres” é conviver com a miséria e desigualdades sociais. Já em Cuba, a liberdade de expressão é relativizada, uma vez que a dignidade humana é o valor mais importante. É uma questão filosófica/ideológica. Muito além de juízos de valor moral.