Análise do novo Correio da Bahia, agora só Correio

Correio

Excelente. Esta é a melhor palavra para definir o novo Correio em sua versão impressa. O formato Berlinder
facilita a leitura e o manuseio do jornal. O projeto gráfico fora elaborado por Guillermo Nagore, designer do The New York Times. Já o site…putz!…Deixarei para amanhã a análise.

Com um cabeçalho mais compacto e nome das editorias em destaque é fácil “navegar” pelo Correio e encontrar o que se procura. Gostei também da tipologia, deu um “ar” mais moderno ao jornal. O texto curto, preciso, objetivo aliado as fotos e infográficos tornam o conteúdo mais leve, um convite à leitura. Porém, os grafismos utilizados para destacar citações poderiam ser maisclean. Usaram uma aspas do tempo dos linotipos.

De cara, observei uma mudança qualitativa na pauta, fugindo do chapa-branquismo que imperava no Correio. Falar de isenção/equilibrio ainda é cedo, e demanda uma análise mais científica.  Algumas matérias, contém ramificações/evolução da pauta, como “Acordes furtados” da Mariana Rios, onde aborda o furtos de instrumentos musicais. A repórter ouviu bastante gente, trouxe dados, histórias e alternativas encontradas pelos músicos para “driblar” os assaltantes. O melhor é que a matéria fora dividida em alguns blocos autônomos, mas interligados, ou seja você pode ler apenas um bloco e entender a matéria, mas ao ler todo o conteúdo tem uma dimensão maior do problema.

O jornal estampou uma foto da equipe, formada por quase 200 colaboradores. A turma é bastante nova (mais tem é moça bonita!!!), o que revela que o Correio tirou alguns “dinossauros”, o que já explica algumas mudanças na concepção do veículo.

Já falei da mudança na redação, inspirada no The Daily Telegraph, com o SuperDesk.

A palavra-chave é planejar, diz o texto de apresentação do novo Correio, que irá trabalhar “para que o leitor tenha menos trabalho em entender o que é preciso saber”. Da maneira mais didática, direta, clara  e sem rodeios.(…) O jornal trabalha com dois ritmos. Histórias e notícias.

Por fim, citaram a frase: “A melhor notícia não é a que se dá primeiro, mas a que se dá melhor”, do Gabriel García Márquez”. Notícias melhores. É o que esperamos do novo Correio, que custa agora R$1 (segunda a sexta) e R$ 1,50 no domingo.

Os jornais baianos já descobriram o twitter?

O relógio marcava 17h45 quando uma amiga do trabalho me avisou sobre a manifestação organizada por moradores do Bairro da Paz. O marido dela, que passava pelo local, informou-lhe sobre o protesto, que depois descobri que fora motivado pela onda de violência que abateu-se sob a localidade.

Não perdi tempo e divulguei a informação via twitter, tendo em vista que a fonte era digna de confiança. Twittei às 17h46 e furei (ou seja, publiquei em primeira mão a notícia) a mídia baiana. Fiz o mapeamento da imprensa de Salvador e do interior do Estado e a primeira referência ao assunto fora realizado pela Rádio Sociedade AM, às 18h14. No A Tarde, o maior jornal da capital baiana, somente às 18h46 subiram a notícia.

O intervalo de tempo entre meu twitt e a publicação da Rádio Sociedade revela as falhas/ausência no aspecto dialógico/relacional dos media com os cidadãos. Escrevi um post onde argumento que o ciberjornalismo demanda uma mediação mais dialógica dos jornalistas com o seu público.

Penso que o twitter é uma ferramenta essencial para tal “conversa” com os leitores (principalmente pela quantidade qualidade dos alertas) e não apenas isso, o monitoramento dos twitt permite identificar em “tempo real”o que acontece na cidade. Por que os jornais não investem em um livestream das cidades onde fazem cobertura?

Twitter

Twitter

Tenho um questionamento ainda mais simples: os jornais baianos já descobriram o twitter?

Na volta para casa zapeava as rádios locais e todos os programas pediam aos seus leitores que ligassem para as redações e comentassem o que se passava. Muito interessante a experiência colaborativa que fora desenvolvida. Os ouvintes ligaram e comentavam o que dava para observar, uma moça estava mais próxima do protesto, disse que teve porrada, o que estava mais longe afirmava que esta tudo parrado. O mais impressionante é que os radialistas/jornalistas tinham como fonte apenas os seus ouvintes, não havia como deslocar a equipe de reportagem e, geralmente, as fontes oficiais não falam em momentos de crise.

Mas aí volta a minha inquietação: como os media se relacionam com as redes sociais/mídia colaborativa. Se monitorassem o twitter, por exemplo, teriam um belo material para complementarem sua cobertura, neste caso. Ainda é possível fazer jornalismo sem contar com a colaboração do público? Ou ao menos saber o que andam dizendo por aí?

Em paralelo a cobertura mode in colaborativa, os meus twitts sobre o protesto dos moradores do Bairro da Paz agendaram algumas reações no twitter:

Para o Leo Borges o twitt serviu para “facilitar” a sua mobilidade;
Belote lembrou do protesto passado e as três horas em que ele ficou parado;
Tiago Celestino avaliou os protestos
Gerson leu o twitt e se mandou para casa
Caio informou, via celular, para sua amiga os motivos do engarrafamento
Gabriela relatou sua aventura no engarrafamento

Jornais e jornalistas precisam aprender a se “relacionar” com as novas tecnologias de informação e comunicação e com o seu público, pois é deste conjunto que virão pautas, diálogos e quem sabe a própria manutenção da atividade jornalística.

Em tempo, o Pelosi me lembrou que a AGECOM já utiliza o twitter na divulgação de conteúdo.

*twitter – leia-se microblogs

El periodismo ciudadano desde España

Analisar a produção colaborativa de informação e a configuração da agenda midiática pelos próprios cidadãos é o objeto do estudo realizado por Paul Lop Franch, intitulado “El periodismo ciudadano desde España: breve estudio sobre datos reales de participación”.

Franch analisa as notícias publicados no Bottup.com, site jornalístico espanhol baseado na colaboração dos cidadãos, no período de 30 de janeiro de 2007 a 16 de junho de 2008.

Segundo ele:

Es un estudio eminentemente cuantitativo, y aunque los datos van parejos a una breve interpretación de los mismos, estos constituyen por sí solos un material objetivo obtenido de la prospección en la base de datos de este periódico digital.

Dica da Isa Sperandio, via twitter

Como montar um jornal colaborativo?

Quem responde a esta questão são os jornalistas Carlos Padilla, Tomás Flores e Eduardo García, criadores do Loquepasaentenerife.com, jornal colaborativo espanhol. Em entrevista ao Periodismo Ciudadano revelaram  quanto custa elaborar um projeto jornalístico open-source, a importância da credibilidade, o destaque das notícias hiperlocais, publicidade e oportunidades para área.

Artigos sobre jornalismo colaborativo

O Fábio Malini divulgou em seu blog o artigo que ele escreveu para o Intercom, intitulado de Modelos de Colaboração nos meios sociais da internet: uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo.

Já impri e dei uma folheada. Muito interessante.

Dê uma lida no resumo:

Esse artigo busca analisar sobre a paisagem midiática nas configurações atuais da internet, problematizando os modos de colaboração nas chamadas mídias sociais, a partir de uma reflexão teórica sobre o conceito de participação e colaboração na literatura acadêmica sobre cibercultura. E, em seguida, através da análise das formas de atuação colaborativa dos usuários na produção de notícias em portais de jornalismo participativo, desenvolvidos por grupos tradicionais e independentes de mídias, sempre tendo como perspectiva o exame dos conflitos e clivagens entre o jornalismo profissional e a produção amadora em mídias sociais.

Quem também escreveu sobre o jornalismo colaborativo foi o Jay Rosen, em seu blog. O artigo está em inglês.

A internet do leitor: o que deu certo?

Dia corrido, sem tempo para postar. Li e achei interessante o texto do ombudsman avaliando o “Minha notícia”. Há algumas pérolas e pontos a se pensar.

Existe também um artigo sobre a credibilidade no jornalismo colaborativo do Marcelo Cardoso.

Concurso para torna-se cidadão-repórter

A NBC News, MSNBC y MySpace trazem uma novidade (?) para cobertura das eleições norte-americana: textos escritos por cidadãos-repórteres. Porém, a novidade (agora sem ?) é que um concurso será realizado para escolha dos colaboradores.

O “teste” consiste em produzir um vídeo de dois minutos para mostrar suas habilidades no que tange a produção/edição/apresentação de conteúdo. Haverá um juri técnico, que escolherá cinco finalistas, depois esses cinco candidatos serão escolhidos em votação na comunidade do MySpace para eleger os dois “repórteres-colaborativos”.

Os eleitos irão cobrir as convenções (democrata e republica) e seus materias serão publicados no Decision08 e, possivelmente, na web do MSNBC.

Estamos diante uma possível tendência de relação/interação dos media com os cidadãos-repórteres?

Associated Press proíbe utilização de seus textos pela mídia colaborativa

Sob a acusação de violar o copyright, a Associated Press (AP) enviou carta à Drudge Retort exigindo a retirada das citações oriundas da AP.

A blogosfera, é claro, reagiu, acusando a Associated Press de impedir o direito da citação/apropriação de conteúdo e lançou uma campanha de boicote a AP. Além disso, críticas duras foram realizadas ao formulario de cotas pagas para reproduzir citações da Agência. Até Dan Gillmor escreveu sobre o assunto.

Em tempo de conteúdo colaborativo, web 2.0, inovações e ampliação do campo jornalístico é no mínimo estranho a postura da Agência de notícias mais influente do mundo e revela a difícil relação/entendimento do mainstream midiático com as mídias colaborativas.

Entretanto, recentemente, vimos bons exemplos de relação “harmonioso” entre mass media e colaborative media . O Publico.PT criou uma lista dos trackback feitos por blogs que comentaram as matérias do referido jornal e o La Vanguardia.es. deu início ao La voz de la blogosfera, que através do sistema Twingly, um motor de busca + ping conectará as reações dos blogueiros acerca do noticiário do La Vanguardia.es.

Defendi em outro post que tais iniciativas mostrarão a influência do jornal na promoção dos debates e o perfil dos usuários, além de um importante mecanismo para interatividade entre media e usuários, tornando as notícias mais dialógicas.

Jornalismo do Cidadão – Quem és tu?

Acabo de fazer o download do artigo “Jornalismo do Cidadão – Quem és tu?”, da autoria de Frederico Correia, aluno do Mestrado em Jornalismo da UTAD. Dei uma olhada rápida no artigo e me pareceu interessante. Fica aqui a dica de mais uma referência sobre o jornalismo colaborativo.

Diz o resumo do artigo:

Há alguns anos atrás, começou-se a reflectir sobre as alterações introduzidas pela Internet na função do jornalista. Actualmente, também se abrem novas possibilidades ao cidadão na sua relação com os media. Assim, a análise das novas responsabilidades assumidas pelo cidadão no cenário mediático passa a ser fundamental para a sua compreensão. Neste sentido, pretendemos com esta investigação analisar criticamente as principais influências da
Internet no papel do jornalista e do próprio cidadão.
Assim, esta reflexão iniciar-se-á com a exposição das alterações que proporcionaram o aparecimento do jornalismo do cidadão. Abordaremos também a participação que o público sempre teve nos meios de comunicação e quais os papéis que agora assume
no processo de comunicação. Além disso, reflectiremos sobre a diversidade de definições e conceitos sobre o fenómeno em causa, bem como os argumentos e opiniões a favor e contra
o jornalismo do cidadão. Concluiremos este trabalho com uma referência à formação dos jornalistas e sua influência na definição das fronteiras do jornalismo.