Ciber.Comunica 3.0, parte II

Consumo de informação e configuração da agenda entre usuários Menéame foi o tema da conferência via skype da Jan Alyne, direto da Espanha, no segundo dia do Ciber.Comunica 3.0, realizado nas Faculdades Jorge Amado. Alyne apresentou o trabalho que está a desenvolver sobre a noticiabilidade, comparando a agenda midiática espanhola com a agenda do Menéame, sistema de produção de notícias que conta com a participação dos usuários na escolha das notícias que irão para o “ar” na home do site. Algo parecido com o Overmundo.

A palestra (na íntegra) da Jan Alyne (veja também os slides) dialogou com minha pesquisa sobre a noticiabilidade no jornalismo colaborativo, onde busco analisar os critérios adotados pelos cidadãos-repórteres na definição do que é/será notícia. Ela retomou o clássico debate sobre a agenda-setting (a influência da mídia em formar a esfera de visibilidade pública, sendo o jornalismo o principal agente construtor de tal esfera), a ampliação do campo jornalístico após a liberação do pólo emissor e a mudança no fluxo comunicacional (todos-todos) para entender como este processo reconfigura a própria esfera de visibilidade pública.

Segundo dados da sua pesquisa, notícias que possuem o interesse coletivo e que contenham um grande número de pessoas envolvidas no fato, ainda norteiam a hierarquização da notícia no Menéame, além das tradicionais informações “inusitadas”, onde ocorre a inversão de papéis (o homem mordeu o cachorro, por exemplo). As considerações da Alyne me fizeram lembrar da concepção de Marx: “As idéias dominantes de uma época foram sempre as idéias da classe dominante”, com isso, o meu mestre destaca que as idéias daqueles que não dispõem dos meios de produção intelectual são subordinadas à classe dominante.

Aplicando esse conceito a notícia, com a liberação do pólo emissor, todos (desde que conectados) possuem acesso aos meios de produção intelectual (dessa forma poderiam subverter o modus operandi da noticiabilidade) mas os critérios para definir o que é notícia e/ou a agenda pública ainda permanecem os mesmos. Responder o(s) motivo (s) para tal reprodução é um dos objetivos da minha pesquisa acadêmica.

Fui beber uma água e conversar com algumas pessoas e na volta já havia começado a segunda palestra sobre “Notícia WAP – quando a informação é móvel”, interessante que o trabalho apresentado por Florisvaldo Pasquinha de Matos Filho, Antônio Henrique Soares Gonçalves e Thiego de Souza Santos fora resultado do TCC dos cabras na graduação, que bolaram um sistema de notícia baseado em alertas via SMS e protocolo WAP para veicular notícias em um site que em breve estará funcionando. Nada muito novo, mas é bom perceber que a academia ainda pode dialogar com a sociedade sobre temas atuais. A palestra fora repleta de clichês (trouxeram o WAP e SMS como novidades, assim como o jornalismo mobile) e achei o trio entusiasmado demais com o WAP, formato que deve desaparecer com o 3G e rede wifi, penso eu.

Por fim, o I Festival Micromínima provocou boas (boas mesmo) gargalhadas e reflexão acerca das temáticas abordadas nos vídeos elaborados com celular pelos alunos de comunicação das Faculdades Jorge Amado.

Amanhã tem mais e estarei por lá (a palestra Bluetooth News com Macello Medeiros programada para o dia 14 passou para o dia 15, à noite)

15/05 – QUINTA-FEIRA – MANHÃ – Auditório Zélia Gattai (Prédio I)

 

 

 

8h30

Produzindo Ringtones e outros clicks e bleeps

Cláudio Manoel Duarte

Oficina de produção sonora

10H

VÍDEOS: Cidades Virtuais, Prometeus – Revolução da mídia, Creative Commons – Seja Criativo

Direto do Youtube

 

10H30

Redes wi-fi: história, funcionamento e aplicabilidades

Grinaldo Lopes de Oliveira

 

10h30 (sala extra)

Mobilidade e as narrativas nos jogos digitais

Sergio Rivero

 

 

11H30

I Festival Micromínima

I Festival Micromínima

Exibição de microfilmes-celular de 1 minuto, dos alunos de Novas Mídias

15/05 – QUINTA-FEIRA – NOITE – Auditório Zélia Gattai (Prédio I)

 

 

 

19H

VÍDEOS: Cidades Virtuais, Prometeus – Revolução da mídia, Creative Commons – Seja Criativo

Direto do Youtube

 

19h30

Jornalismo e mobilidade

Fernando Firmino da Silva

 

21H

I Festival Micromínima

I Festival Micromínima

Exibição de microfilmes-celular de 1 minuto, dos alunos de Novas Mídias

22H

Encerramento

 

 

 

Jornalismo open source na Noruega

Artigo do jornalista e blogueiro Kristin Lowe avalia o desenvolvimento do jornalismo open source na Noruega. Lowe destacou que os media ainda encontram dificuldade em integrar o conteúdo cidadão em seus editoriais, isso porque os veículos não descobriram a fórmula no relacionamento com a audiência, e esta, ainda produz informações não noticiosas, segundo a cartilha dos mass media.

Lá, segundo ele, o acesso as ferramentas para publicação potencializaram as “comunidades” na seção colaborativa, fomentando o debate entre os participantes e a proposta de outros temas na esfera de visibilidade pública.

O blogueiro chama atenção para a noticiabilidade na produção open source, tema da minha pesquisa.

“But overall, the site found that most of the articles submitted in the citizen journalism section was opinion rather than reporting, and even when given the option to file submissions either as a ‘citizen article’ or ‘opinion piece’, people chose the former while submitting the latter,” commented Lowe.

A tese de Lowe é uma das minhas duas hipóteses:

1- A noticiabilidade no jornalismo open source tem como princípio primário o interesse individual e relevância atribuída por este, uma vez que o cidadão-repórter torna-se o mediador entre a realidade e o público e, precisa selecionar, destacar e reordenar alguns aspectos para a elaboração de conteúdo.

2- Apesar da liberação do pólo emissor potencializar a multivocalidade de vozes na web, os critérios de noticiabilidade concebidos pelos mass media orientam as narrativas colaborativas noticiosas.

Confira na integra o artigo (em inglês) do Kristin Lowe