Redes e Cidades

A cidade é o elemento fundamental da organização do espaço e por excelência, lugar de concentração e efervescência da vida social, econômica, política e cultural. A apropriação dos espaços acontece por diferentes usos e por diferentes sujeitos sociais, o homem utiliza e molda a cidade, a recíproca é igualmente verdadeira.

As novas tecnologias podem criar novas localizações uma vez que exigem infra-estruturas modernas para a disseminação das informações, e, ao mesmo tempo, liberam espaços até então utilizados na cidade. Espaços que poderão receber formas de ocupação diferentes das anteriores, surgindo assim, novos usos do solo da cidade.

Este é o pensamento do Eliseu Savério Sposito em seu livro “Redes e cidades”. O livro, dividido em quatro capítulos (Cidades, Redes, Redes de cidades e Cidades em rede) aborda o conceito de rede geográfica, materializada pela rede urbana e, de modo específico, pela rede de internet, que configura a relação entre as novas tecnologias de informação e o cotidiano de pessoas e empresas.

Abaixo, as principais idéias do Sposito, divididas por capítulos

1- Cidades

Conceito de cidade

“É por excelência, lugar de concentração e efervescência da vida social, econômica, política e cultural” (pg. 12)

“É o elemento fundamental da organização do espaço” (pg. 14)

“Se o homem utiliza e molda a cidade, a recíproca é igualmente verdadeira” (pg. 14)

“Em outras palavras, significa que há formas de apropriação dos espaços por diferentes usos e por diferentes sujeitos sociais” (pg. 15)

A divisão do trabalho e as cidades

“A divisão do trabalho (que pode ser mais precisa quando chamada de divisão territorial do trabalho) é uma base teórica mais complexa, que requer a informação geográfica  muitas vezes difícil de obter, e ao mesmo tempo mais concreta para se compreender o que é a cidade e o que é urbano, porque é a manifestação territorial das relações de produção” (pg. 18)

Conceito de espaço urbano

“O espaço urbano é um produto social, resultado de ações acumuladas através  do tempo e engendradas por agentes que produzem e consomem o tempo” (CÔRREA, 1989) (pg. 24)

Tipologia do crescimento das cidades

– Populacional – um dos principais indicadores para se identificar as cidades, tanto no nível do senso comum quanto no nível das estatísticas, é o número de habitantes. (pg. 27)
– Horizontal – é definido pelo perímetro da cidade com sua planta urbana, que vai se desdobrando com novos loteamentos ou ações que resultam na incorporação da terra rural à sua área. Assim, o estabelecimento de unidades comerciais e industriais ou de moradias só pode ser feito em regiões já existentes na cidade ou em locais incorporados e destinados a esse fim. (pg. 28)

– Vertical – os empreendimentos imobiliários, representados pelos edifícios de três ou mais pavimentos, que modificaram a cidade verticalmente associados, há menos tempo, a eixos de orientação do tráfego (grandes avenidas, retificações ou canalizações de curso d’água, por exemplo), os distritos industriais, a princípio, e os shoppings centers, atualmente são os elementos catalisadores das mudanças internas da cidade, uma vez que redirecionam a localização das habitações e dos equipamentos comerciais e de serviços. (pg. 29)

Teletrabalho e as cidades

Com a instituição do teletrabalho, surgem três tipos de práticas urbanas assumidas pelos habitantes das cidades: a) a prática “telependular”, isto é, o trabalho é realizado “alternando-se o escritório habitual do assalariado e seu domicílio de proximidade”; b) a prática definida pela relocalização de atividades, de empresas e da administração para fora das cidades; e c) os teleserviços (televigilância médica, telemanutenção de equipamentos, teleconferências de ensino, telecultura etc) são práticas que, assumidas pelas pessoas que residem nas cidades, fazem parte dos elementos estruturadores do espaço urbano porque condicionam a localização das habitações e de empresas (pg. 30).

Novas tecnologias e as cidades

As novas tecnologias devem ser entendidas como elementos responsáveis por seu dinamismo e por sua forma. (…) As tecnologias podem criar novas localizações uma vez que exigem infra-estruturas modernas para a disseminação das informações, e, ao mesmo tempo, liberam espaços até então utilizados na cidade. Espaços que poderão receber formas de ocupação diferentes das anteriores, surgindo assim, novos usos do solo da cidade (pg. 31)

Cidade x tempo

A aglomeração no espaço urbano permite a “aceleração do tempo”, ou seja, a “aglomeração/proximidade humana proporcionada pelo espaço urbano favorece e acelera a produção/difusão do novo” (HAESBAERT, 2002) (pg. 32)

Ligações entre as cidades

De início, ampliando o foco dessa observação, podemos dizer que a mundialização do capital se faz, primordialmente, baseada nas revoluções logísticas, uma vez que estas são decorrentes de: 1) incorporação das tecnologia aos transportes para aumentar a velocidade dos fluxos de capitais e da circulação de informações, sobretudo aquelas ligadas às novas idéias que permitem maior rapidez e flexibilidade na circulação de mercadorias que podem gerar lucros para os proprietários das empresas; e 2) criação das necessidades associadas ao consumo de bens não elaborados no circuito produtivo, como a utilização da paisagem para o turismo, do misticismo para a paz individual. (pg. 35 e 36)

2- Rede

Conceito de rede

A estrutura em rede se generaliza, assegurando circulação e difusão da informação, permitindo a coordenação das atividades e a transmissão rápida das instruções e dos resultados (pg. 47) (DELAPIERRE, 1995)

Citando Castells, diz que a rede é a mensagem porque, pela internet, é possível “distribuir o poder da informação por todos os âmbitos da atividade humana”, já que ela “constitui, atualmente, a base tecnológica da forma organizativa que caracteriza a era da informação: a rede”, que significa, por sua vez, “um conjunto de nós interconectados” (pg. 53 e 54)

3 – Redes de cidade

A comunicação e a formação das redes de cidades

Segundo Ana Fani Carlos, “as comunicações diminuem as distâncias tornando o fluxo de informações contínuo e ininterrupto: com isso, cada vez mais o local se constitui na sua relação com o mundial. Nesse novo contexto, o lugar se redefine pelo estabelecimento e/ou aprofundamento de suas relações numa rede de lugares” (pg. 89)

Comunicação tornou possível a mundialização

Não é necessário que todos os processos produtivos estejam localizados em um mesmo lugar, mas sim que a conexão entre as unidades de produção seja rápida e eficiente. (pg. 91)

Conceitos cidades globais

Citando Carroué diz que as cidades globais funcionam como lugares dos centros dos poderes contendo os pólos de comando e de gestão políticos, econômicos, industriais e financeiros [como] nós privilegiados da circulação das riquezas, dos homens, dos saberes e das informações (portos, aeroportos, telecomunicações, pesquisa e inovação) (pg. 93)

Trabalhadores e cidades globais

Os trabalhadores têm de ser “adaptáveis, flexíveis e, se necessários, geograficamente móveis (pg. 96)

4 – Cidades em rede

O desenvolvimento das redes tem três tipos de conseqüência: 1) sobre a extensão e os limites do território em que ela se desenvolve e se dinamiza; 2) sobre a extensão das malhas, o que significa sobre a amplitude do território em que ela está implantada; e 3) sobre a posição relativa de certos pontos, considerados nós (ou as principais cidades), em relação aos demais, pontos da rede, que podem ter importâncias diferenciadas no conjunto global (pg. 121)

No futuro, as cidades estarão, por todas as partes e ao mesmo tempo, em nenhuma parte, e a sociabilidade não será mais fundamentada na proximidade entre as pessoas ou entre os lugares, mas no movimento das pessoas e das informações (pg.125)

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